São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
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Política de drogas; Presente de Ano Novo; Contramão; Escolas; Choradeira justa; Lástima; Sugestões; Boas festas

Política de droga
"No artigo do brilhante repórter Fernando Molica há uma conclusão questionável: a de que a nova política de drogas vai favorecer os ricos, conforme tradição legislativa brasileira. Basta fazer um levantamento no fórum do Rio para se constatar que os processos contra consumidores de drogas se concentram nas áreas mais pobres. Nas ricas, funciona o suborno. Basta também fazer, conforme já mostrou o jurista Técio Lins e Silva, um levantamento dentro das cadeias para ver que mesmo os processos contra os chamados traficantes atingem os mais pobres. Cerca de 60% dos que cumprem pena por tráfico de drogas não têm nem sequer dinheiro para contratar um advogado e recorrem à defensoria pública. Na verdade, tanto no campo do consumo como no do tráfico quem vai para a cadeia são os mais pobres. Como explicar que a maioria dos 'traficantes', condenados por um crime que supõe organização e capacidade material, seja na verdade de quase indigentes? Molica parte do princípio de que quem fuma maconha é a classe média abastada. Na verdade, o consumo transcende os limites do Posto 9."
Fernando Gabeira, deputado federal pelo PV-RJ (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Fernando Molica - O artigo reconhece que o projeto representa um avanço na discussão sobre drogas. Não há nele o pressuposto de que o consumo de drogas seja restrito aos mais ricos: procurei apenas analisar como a nova legislação poderia interferir na vida de dois grupos específicos. Os dados citados na carta a respeito da condição social dos presos por tráfico reforçam a importância de não deixar que a discussão sobre drogas seja encerrada com a eventual aprovação do projeto.

Presente de Ano Novo
"Quem como eu ama os crepúsculos e tenta, sem ter o dom de ser poeta, escrever sobre eles só pode agradecer a Rubem Alves pelo artigo de 31/12. Obrigada pelo presente de Ano Novo."²
Maria Aparecida Santos Julião (São José dos Campos)

Contramão
"É lamentável a decisão do governo de acabar com a isenção do imposto de importação para compras até US$ 50. Entendo que livros e CDs devem continuar a estar isentos. O efeito de medidas como essa é apenas o de inviabilizar a compra de produtos culturais, para os quais o governo devia abrir exceção. O país está a andar na contramão de um mundo cujos mercados se globalizam; atitudes como essa aumentam a demanda pelos serviços de contrabandistas e 'xerocadores' de livros."
José Luís Neves (São Paulo, SP)

Escolas
"Gostei muito da reportagem do Gilberto Dimenstein sob o título 'Escola em área violenta de Nova York vira modelo', de 16/12. Não poderia ser feita uma comparação às nossas? É uma vergonha que cidades como Campinas, Santos, Sorocaba, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Bauru, Marília, Jundiaí, Piracicaba e tantas outras que têm bons rendimentos próprios sejam subsidiadas pelo Estado. Que seja feita uma norma para que cidades que tenham mais de 100 mil habitantes não tenham mais subsídios do Estado para as escolas públicas."
Julio M. Carvalho e Sá (Assis, SP)

Choradeira justa
"Caro Maurício Stycer, como botafoguense você tem o direito de achar o que bem entende do título de campeão brasileiro de 96. Como jornalista, você não tem o direito de virar as costas para a realidade, a menos que também concorde que o importante é ganhar a qualquer custo, não importando os meios ou os métodos. Sobre a choradeira santista, é preciso dizer, em primeiro lugar, que é justa. O gol, meu caro, não pareceu legal. O gol foi legal. O que não é legal é o tratamento que a maior parte da imprensa vem dando ao assunto. Jornalistas podem ser relapsos, mal-informados, torcedores, o que você quiser. Só não podem ser ingênuos."
Márcio Fonseca (São Paulo, SP)

Lástima
"A coluna do ombudsman de 17/12 ('Mais respeito'), por sua força e decisão, fez com que eu deixasse a preguiça e escrevesse esta carta. O ombudsman tocou fundo na ferida e expressou as minhas íntimas opiniões sobre o horroroso comportamento da Folha em relação ao assunto. É irretocável sua crítica dirigida a seus companheiros e ao próprio jornal. É lastimável ver a Folha nivelar-se ao jornalismo marrom que conhece, mas faz questão de ignorar os limites de sua atuação. A Folha, que atraiu minha atenção pela importância que parecia destinar às questões relativas à ética e à isenção, vem se revelando um veículo cheio de cinismo e amoral, quando não superficial, ao explorar fatos 'importantes' como esses envolvendo Vera Fischer e ao enfocar de modo grosseiro a tragédia da Politécnica. Não consigo atinar para o que está acontecendo. Quando o ideal seria desenvolver ao máximo a linha do jornalismo como compromisso social e humano, e não como espetáculo, de horrores, distrações baratas ou qualquer outro, a Folha aos poucos altera o seu padrão e descamba para o mais baixo estilo de fazer jornal e lidar com os fatos. É triste para o leitor constatar que, ainda hoje, um espaço precioso como o do ombudsman tenha de ser empregado para a correção e a educação de erros primários, que já nem sequer pertencem à órbita da técnica e da prática do jornalismo, mas são anteriores a ele e dizem respeito ao caráter de quem o faz."
Nélio Índio do Brasil (Campinas, SP)

Sugestões
"Há quatro anos sou leitor deste jornal. Hoje este jornal passa por uma crise de informação, pois já foi o tempo em que a Folha se destacava entre os grandes jornais do país. Quando atingiu a marca de 1,3 milhão de exemplares, sua qualidade caiu muito, pois se preocupou em oferecer brindes. Faltam algumas retificações para ficar mais atrativo: a capa do primeiro caderno precisa de um toque mais sugestivo e com mais impacto. O caderno Esporte precisa de mais fotos de nossos craques, entrevistas e criar mais seções. O caderno Mais :seria muito bom que esse caderno fosse menor e que desse para colecionar. A revista da TV hoje é uma revistinha comum, sem muitos atrativos. Quando se trata de televisão, queremos fotos e gente bonita. O caderno de automóveis deveria ser reduzido; são muitas páginas sem utilidade. O caderno Empregos : falta ter dicas sobre assuntos da atualidade, como aposentadoria, concursos públicos, greve, atualização da CLT etc. Outra sugestão é que vocês criassem um caderno especial chamado 'Brasil', onde os leitores e possíveis novos jornalistas tivessem acesso para falar de seu Estado. Graças a vocês e ao suplemento especial sobre os deputados (17/9) eu não votei para deputado; fiquei indignado com a falta de vergonha desses políticos que não comparecem à Câmara e recebem uma fortuna à nossa custa. O ideal seria que mensalmente fosse publicado um suplemento sobre como anda a Câmara e o Senado, a assiduidade desses políticos por Estado, os projetos que eles vêm desenvolvendo para benefício desta nação, o que estão apresentando e o que está sendo aprovado."
Flavio Fernando Silva de Arruda (Recife, PE)

Boas festas
A Folha retribui as mensagens de boas festas que recebeu de: Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (São Paulo, SP); Aldo Scotti, diretor de vendas e marketing da Arianespace (Evry Cedex, França); Nielsen Brasil (São Paulo, SP); OPP Petroquímica S.A (São Paulo, SP); Abramet -Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (São Paulo, SP); Marcos Wilson S. Rezende, da diretoria de jornalismo do SBT -Sistema Brasileiro de Televisão (São Paulo, SP); Grupo Galpão (Belo Horizonte, MG); Trevisan Auditores e Consultores (São Paulo, SP); Assessoria de Imprensa do Parlatino -Parlamento Latinoamericano (São Paulo, SP); Apple Computer Brasil (São Paulo, SP); Polibrasil (São Paulo, SP); Os Independentes -Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (Barretos, SP); Unicef; Le Meridien Hotéis do Brasil; Copacabana Palace Hotel.

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