São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996
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Aeronáutica fracassa na defesa do Sivam

LUCAS FIGUEIREDO; LÚCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Aeronáutica fracassou em sua estratégia de tentar convencer os senadores, durante o recesso parlamentar, a apoiar o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
A tendência dos principais integrantes da supercomissão do Senado que investiga o Sivam é pedir a anulação do contrato do governo federal com a empresa norte-americana Raytheon.
Até ontem, o lobby militar não havia conseguido mudar a opinião do presidente da supercomissão, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), do relator Ramez Tebet (PMDB-MS) e das lideranças peemedebistas.
A Folha apurou que tanto ACM quanto Tebet pretendem manter o acordo fechado no mês passado pelos líderes dos partidos que apóiam o governo no Senado.
Pelo acordo, os senadores iriam exigir a anulação do contrato com a Raytheon e a abertura de licitação pública para a implantação do Sivam. Em contrapartida, a supercomissão iria autorizar o governo a buscar novo empréstimo externo no valor de US$ 1,4 bilhão para financiar o projeto.
O acordo foi fechado na ausência do presidente Fernando Henrique Cardoso (que estava viajando) por ACM, Tebet, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o líder do governo, Elcio Alvares (PFL-ES), o líder do PSDB, Sérgio Machado (SP), o senador Edison Lobão (PFL-MA) e o líder do PMDB, Jáder Barbalho (PA).
Na busca de apoio ao projeto, o ministro Lélio Lôbo (Aeronáutica) tem mantido contato com alguns senadores. Já conversou com ACM, Alvares e Machado.
A segunda fase da estratégia começa na próxima semana, quando se inicia a convocação extraordinária do Congresso. A Aeronáutica irá enviar ao Senado um dossiê rebatendo o relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), que aponta irregularidades no projeto.
Em conversas reservadas, ACM tem dito que não são convincentes as explicações que vem sendo dadas pelos militares para contrapor relatório do tribunal.
O senador reuniu-se com Lôbo mês passado em Brasília e, posteriormente, recebeu documentos da Aeronáutica em Salvador, por fax.
O ministro não conseguiu modificar a opinião do senador. Para o pefelista, a concorrência informal feita pela governo Itamar Franco e que escolheu a Raytheon foi "um jogo de cartas marcadas".
Em contato com a Folha, por telefone, de Salvador, o senador disse que, como presidente da supercomissão, está impedido de antecipar sua posição. ACM afirmou, no entanto, que ainda tem "muitas dúvidas sobre o projeto".
O líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP) disse ontem que está mantida a posição do partido de exigir a anulação do contrato. A decisão foi apresentada, mês passado, a FHC por Temer e Jáder Barbalho.
Segundo o deputado, os argumentos da Aeronáutica "não justificam nossa mudança de opinião".

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