São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996
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Temporal fecha marginais, alaga rodovias e isola capital

CRISPIM ALVES; MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A chuva causou alagamentos, deslizamentos de terra e congestionamentos nas principais rodovias de acesso a São Paulo. Com a inundação das marginais Pinheiros e Tietê, a capital ficou praticamente isolada a partir do fim da tarde.
No início da noite, o trânsito era complicado nas rodovias Raposo Tavares, Régis Bittencourt e Bandeirantes. Quem queria pegar a Bandeirantes teve que desistir. Não havia como chegar à estrada.
Na Anchieta, à tarde, houve alagamentos nos quilômetros 13, 18 e 24. Na Imigrantes, o alagamento ocorreu no perímetro urbano, próximo à avenida Bandeirantes, e causou 5,5 km de lentidão.
Pela manhã, o acostamento da rodovia Fernão Dias, na altura do km 88 (Vila Galvão, em Guarulhos), cedeu. Uma das pistas foi interditada. Só era permitida a passagem de um carro por vez.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o desmoronamento provocou 2 km de congestionamento.
Segundo a Defesa Civil Municipal, a região mais castigada foi a do Butantã, onde o córrego Pirajussara transbordou. A água subiu mais de um metro. Carros ficaram boiando, e casas foram alagadas.
No Butantã foram registrados 78 mm de chuvas das 13h às 19h. Segundo o tenente Davi Martinez, coordenador da Defesa Civil, o índice não é recorde. Na quinta-feira passada, foram registrados 81 mm de chuvas no Tremembé. "Houve um problema de escoamento no córrego Pirajussara", disse.
Os córregos de Água Espraiada (Campo Belo), Ribeirão do Jaguaré (Butantã), Cordeiro (Santo Amaro), Paraguai (Vila Mariana), Ipiranga (Ipiranga) e Aricanduva também transbordaram. As ruas e avenidas próximas a esses córregos ficaram alagadas. Um trecho do rio Tamanduateí transbordou.
Até as 24h, o trânsito ainda era complicado em várias regiões. Pontos das marginais Tietê e Pinheiros continuavam alagados. Na zona leste, a Radial Leste e a Conselheiro Carrão estavam paradas.
O trânsito também era complicado nas avenidas do Estado (centro), Luiz Ignácio de Anhaia Melo, Aricanduva (zona leste), Roque Petroni Jr., dos Bandeirantes, Morumbi, Luis Carlos Berrini, Ricardo Jafet, Cupecê (zona sul), Eliseu de Almeida e Francisco Morato e Alvarenga (zona oeste).
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o tráfego nas principais vias da cidade começou a melhorar por volta da 0h30, quando a água também começou a baixar nas marginais.
Muitas pessoas ficaram desabrigadas -o número total deve ser divulgado hoje pela Defesa Civil.
Bombeamento
A Eletropaulo (Eletricidade de São Paulo) isolou o rio Pinheiros do Tietê e passou a bombear as águas para a represa Billings.
Por volta das 18h, eram bombeados 220 m³ de água por segundo. A medida foi tomada para tentar conter as enchentes. Segundo Emmanuel Nóbrega Sobral, 34, presidente da Eletropaulo, o bombeamento não estava sendo suficiente à tarde, quando foi registrado o maior volume de chuvas.
Entre 16h e 18h, segundo Sobral, foram registrados 51 mm de chuvas. A capacidade de bombeamento do Pinheiros para a Billings é de 50 mm em quatro horas. Choveu o dobro da capacidade.
Um milímetro de precipitação equivale a um litro de água em uma superfície de um m².
(Crispim Alves e Marcelo Godoy)

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