São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996
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'A cocaína não deixava o meu cérebro livre'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Na entrevista à revista "Gente", que ocupa 16 páginas e é publicada sob o título "Assim luto contra o inferno da droga", o ex-capitão da seleção argentina conta sua batalha para se ver livre do vício com as drogas.
"A cocaína não me deixava livre para pensar (...). No futebol, existe a droga, e não sou o único. Provei para saber se estava vivo."
Uma das passagens mais contundentes da entrevista é quando Maradona revela como a sua família sofreu sob os efeitos de seu vício, especialmente as duas filhas.
"Sabe o que aconteceu? Gianina (a filha mais velha de Maradona) me pedia um copo d'água. Eu estava estirado na cama e não podia alcançar o copo. Não conseguia levantar", conta o jogador.
Diante da situação, Gianina lhe dizia: "E aí papai, me dá água? E eu não podia. A cocaína me havia anulado completamente", disse Maradona, que também conversou com Dalma, a caçula.
"Falei com Dalma e lhe disse: 'Papai provou uma coisa que lhe fazia mal. Essa coisa se chama droga. E quando você via o papai se trancar no quarto era porque ele estava mal. Porque essa droga o deixava doente'. Aí, disse a ela que contaria isso para as crianças para ajudá-las a não passar pelo mesmo que eu passei", relatou.
Para o psicólogo italiano Alberto Cei, da Escola de Esportes de Roma, as declarações de Maradona "são uma demonstração de força e um ato de coragem".
Segundo Cei, ao admitir publicamente seu problema, Maradona mostra que busca força para combater uma guerra pessoal.
"É como se ele dissesse aos jovens: 'se eu encontrei forças para não baixar a guarda, por que vocês não podem fazer o mesmo?"', disse Cei.

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