São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Coréia do Norte pede alimentos
JAIME SPITZCOVSKY
A Coréia do Sul, inimiga do vizinho comunista, teme que a crise empurre o Exército norte-coreano a uma aventura militar no exterior para desviar a atenção do desastre em sua agricultura. O conflito coreano sobrevive como uma das heranças da desaparecida Guerra Fria. A fronteira que divide o norte comunista do sul capitalista corresponde a uma das áreas mais militarizadas do mundo. Segurança nacional deve ser a preocupação número um, disse ontem o presidente sul-coreano, Kim Young-sam. Ele se referia às ameaças de instabilidade no vizinho e seus sinais de maior mobilização militar. Nos últimos meses, as Forças Armadas norte-coreanas reforçaram presença na fronteira com a Coréia do Sul, com a chegada de mais aviões de combate. Suspeita-se de que a máquina de guerra comunista conte com armas nucleares. Os militares norte-americanos também aumentaram a atuação interna, de acordo com informações obtidas pelos Estados Unidos. O Exército assumiu algumas funções da polícia, para impedir saques provocados pela falta de alimentos. O pedido de mais ajuda em alimentos foi feito em Pequim pelo embaixador norte-coreano, Chu Chang Jun. Essa estratégia contraria uma das idéias que fundaram a Coréia do Norte. O regime foi criado com a tese da "juche", auto-suficiência em coreano. A Coréia do Norte, para criar "um paraíso proletário", não poderia depender de ajuda externa. A Cruz Vermelha da Coréia do Sul anunciou ontem novos envios de ajuda humanitária à Coréia do Norte. Segundo as Nações Unidas, a fome ameaça mais de 2 milhões de crianças. Em 1995, a safra de arroz, trigo e milho atingiu 3,49 milhões de toneladas, contra 7,08 milhões em 1994. Teme-se que a situação piore ainda neste ano. A Coréia do Norte, mergulhada também na falência de seu sistema comunista, não conta com recursos para importar alimentos. A Coréia do Sul doou no ano passado 150 mil toneladas de arroz, quando seu rival pediu ajuda pela primeira vez. Mas o envio foi suspenso com o aumento de tensão. China e Japão também enviaram ajuda humanitária. Texto Anterior: Neta de Mussolini é eleita miss na Itália; Socialistas buscam novo premiê grego; Berlusconi vai tentar derrubar governo; Expulsão de Ruanda foi retaliação, diz grupo; Neve mata 59 e leva a alerta no México; Sequestradores pedem US$ 1 mi na Costa Rica; Ex-mulher de ditador do Haiti é condenada Próximo Texto: Sucessão se completa em julho Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |