São Paulo, sexta-feira, 5 de janeiro de 1996
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Presidente do BNDES quer vender Petrobrás

Para Mendonça de Barros, privatização seria 'fantástica'

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luiz Carlos Mendonça de Barros, defendeu ontem a privatização da Petrobrás.
Questionado sobre a hipótese de o presidente Fernando Henrique Cardoso encerrar seu governo com a privatização da empresa, disse:
"Eu, particularmente, acho que seria fantástico para o país. O Brasil já é uma economia suficientemente sofisticada para não ter necessidade de o setor petróleo estar nas mãos do Estado".
A declaração foi feita após almoço na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). O BNDES é o gestor do programa de desestaização do governo federal.
A privatização da Petrobrás havia sido retirada de pauta pelo governo durante as negociações que levaram à aprovação da emenda constitucional que flexibiliza o monopólio estatal do petróleo.
A flexibilização permite que empresas privadas atuem em setores antes exclusivos da Petrobrás. A emenda ainda precisa de uma lei que a regulamente.
O presidente do BNDES disse que qualquer discussão sobre a venda da empresa só pode ser feita após essa regulamentação.
Vale
Mendonça de Barros disse que na privatização da Companhia Vale do Rio Doce, prevista para o último trimestre deste ano, há a preocupação do governo em evitar que alguma das grandes mineradoras internacionais assuma o controle da estatal brasileira, o que prejudicaria seu plano estratégico.
O presidente do BNDES não quis informar o que seria feito para evitar esse problema, afirmando que essa era uma questão para os consultores que estão avaliando a empresa.
Ontem, o BNDES foi anunciado como sócio em um projeto com a Vale (leia texto abaixo)
Ainda sobre privatizações, ele disse que o governo tem três objetivos este ano: primeiro, aprofundar as vendas no setor elétrico, com a privatização da Light, marcada para 13 de março, com a venda de uma usina de Furnas Centrais Elétricas a ser definida e as privatizações de duas empresas empresas estaduais -uma delas a Companhia Energética do Estado do Rio de Janeiro.
O segundo objetivo é a venda da Vale, com a qual o governo poderá obter, a preços atuais de mercado, cerca de US$ 6 bilhões.
O último objetivo é privatizar, via contratos de arrendamento por 30 anos, a malha ferroviária da Rede Ferroviária Federal S.A..
O governo espera arrecadar cerca de R$ 11 bilhões com as privatizações em 96. Em 95, foram US$ 1 bilhão -25% do que havia sido anunciado.
Mendonça de Barros disse ainda que o BNDES deverá emprestar este ano entre R$ 10 bilhões e R$ 11 bilhões, um aumento de aproximadamente 40% sobre 95.

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