São Paulo, sexta-feira, 5 de janeiro de 1996
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Sindicato programa paralisação em março

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A possibilidade de o governo conceder reajuste zero ao funcionalismo público federal fez o Sindisep (Sindicato dos Servidores Públicos Federais) marcar uma assembléia geral para o próximo dia 24, quando a categoria vai decidir se deflagra o que considera uma megagreve em março.
Segundo lideranças sindicais, os protestos contra as reformas na França servirão de inspiração para a mobilização no Brasil.
No dia 30 de janeiro, o sindicato espera assistir a uma paralisação de 24 horas dos servidores públicos em todo o país.
A expectativa é mobilizar nesse dia pelo menos 200 mil funcionários para dar uma primeira demonstração de força ao governo.
A greve de março, que o sindisep diz que será por tempo indeterminado, pretende também marcar um protesto contra a reforma administrativa defendida pelo governo.
O sindicato espera atrair servidores estaduais e municipais para o protesto e reunir até 5 milhões de funcionários públicos.
França
"Vamos transformar o Brasil numa França", disse o secretário-geral do Sindisep, Ismael José César, referindo-se à mobilização de 3 milhões de trabalhadores franceses, no início de dezembro, contra as propostas de reforma da Previdência.
Segundo César, a greve está programada para março por dois motivos: é o prazo limite de negociação do reajuste e é quando as discussões sobre a reforma administrativa devem estar praticamente concluídas.
Ele afirmou que os funcionários públicos vão se recusar a negociar qualquer reajuste abaixo de 12%, o mínimo estipulado na política salarial do governo FHC.
"Se ele não cumprir nem os 12%, estará apunhalando os trabalhadores pelas costas. Que o governo então abra suas contas para provar as causas dos problemas de caixa", disse César.
Segundo ele, os cofres públicos estão vazios porque foram dados aumentos ao alto escalão do governo. "Não é justo que os trabalhadores paguem por isso", afirmou o sindicalista.
"Os DAS de 4 a 6 (cargos comissionados com vencimentos mais elevados do governo) tiveram aumento de 140%, o valor das diárias aumentou e o processo de terceirização no serviço público deu um salto. O governo não tem coragem de assumir que foram essas as causas no desequilíbrio das contas", disse.
O funcionalismo público pede 59% de reajuste salarial com base em cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Economia e Estatística).
Segundo o órgão, o percentual corresponde às perdas acumuladas do funcionalismo depois da implantação do Plano Real.
O último reajuste do funcionalismo público ocorreu em janeiro de 95. Os servidores receberam 22% em uma negociação costurada em fevereiro, um mês depois da data-base.

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