São Paulo, sexta-feira, 5 de janeiro de 1996
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Corregedoria apura participação de PM desaparecido em crime na DAS

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A Corregedoria de Polícia Civil investiga a hipótese de o ex-policial militar Nei Gonçalves Terra ter ajudado a ocultar o cadáver de Luiz Henrique Fernandes dos Santos, o Riquinho. Terra desapareceu anteontem da cela da DAS (Divisão Anti-Sequestros). Segundo o diretor da DAS, Paulo Maiato, ele fugiu.
A polícia encontrou o cadáver de Riquinho graças às indicações de Terra, que cumpria na carceragem da DAS pena de 48 anos de prisão por assassinatos.
Terra disse a Maiato ter ouvido os acusados pela morte de Riquinho contarem onde tinham deixado o cadáver. A versão de Terra não convenceu totalmente o corregedor de Polícia Civil, Manoel Vidal, que acredita que o ex-PM realmente fugiu da DAS.
"A hipótese de o Nei ter ocultado o cadáver está sendo aventada. Ele tem uma experiência de submundo muito grande. Como ficou muito queimado dos dois lados (com policiais e criminosos), acho que decidiu fugir", disse Vidal.
A partir de um depoimento informal de Terra a Maiato a polícia acredita ter elucidado a morte de Riquinho, cujo corpo foi achado em dezembro na floresta da Tijuca (zona norte do Rio) e enterrado como indigente.
Terra disse que Riquinho morreu durante sessão de torturas na DAS. Teriam participado das torturas o delegado Clay Catão, o detetive Miguel Moacir dos Santos Petersen e o cabo Marcos Antônio de Carvalho, da Polícia Militar.
Os acusados negam e afirmam que Riquinho fugiu durante diligência policial na favela Parque Alegria, no Caju (zona norte).
Por ser investigado pela Corregedoria, Catão, 32, foi obrigado a devolver ontem seu distintivo à Polícia Civil. Estava acompanhado do advogado Clóvis Sahione, que disse que Catão não participou da suposta ação no Parque Alegria.
"Ele autorizou que Riquinho acompanhasse policiais na busca a um cativeiro de sequestrado. Riquinho saiu da DAS escoltado e fugiu. Era homem habituado a fugir", disse Sahione.
O corregedor disse que poderá pedir à Justiça a prisão provisória dos três acusados.
"Eles ainda não estão formalmente indiciados. Ainda não julgamos oportuno antes de descobrir quem matou, torturou e escondeu o corpo", disse o corregedor.

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