São Paulo, sexta-feira, 5 de janeiro de 1996
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Parentes de crianças soterradas dizem não ter tido tempo de ajudar

DA FOLHA VALE

Parentes das pessoas mortas no soterramento de um barraco na favela Santa Luzia, em São José dos Campos (97 km a nordeste de SP), anteontem em função das chuvas, disseram que não tiveram tempo de socorrer as vítimas.
"Parecia um trovão", disse Luiz Ricardo dos Santos, que mora no local. Santos afirmou que ajudou a retirar os corpos. "Levou mais de quatro horas para tirar todo mundo de lá."
Segundo ele, uma pessoa que estava na casa e foi identificada apenas como Henrique estava com o corpo coberto de lama na cozinha do barraco.
"Ele estava vivo e gritava. Só aparecia a cabeça dele", disse.
Segundo ele, as crianças mortas estavam dançando em um quarto da casa, com menos de nove metros quadrados, quando a lama invadiu o barraco em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região.
O morador Luiz Rodolfo, 28, tio de quatro meninas mortas soterradas, disse que estava em uma casa vizinha quando o barraco foi soterrado pela lama. "Não deu tempo de fazer nada", afirmou.
A mãe da menina Camila, 8, uma das vítimas do deslizamento, passou a manhã de ontem chorando sentada em uma calçada em frente ao local do soterramento.
Ela não quis dar declarações sobre o acidente. O pai da menina, Waldemar Roberto de Andrade, também não quis falar sobre o assunto.
Eles perderam a filha e três sobrinhos no deslizamento.
Os pais das demais vítimas não foram localizados ontem. Eles passaram a manhã resolvendo a liberação dos corpos para o enterro, marcado para hoje, às 8h30.
No soterramento morreram ainda Daniel Alves Poli, 15, Juliana de Fátima Jesus da Silva, 8, Luiz Alberto dos Santos Andrade, 13, Elizabeth de Cássia dos Santos Andrade, 8, e Daniel Vacilão, 18.

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