São Paulo, sexta-feira, 5 de janeiro de 1996
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Título da dívida recua; Bolsa sobe 0,05%

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi um dia de realização de lucros nas Bolsas e no mercado de títulos da dívida.
A Bolsa paulista fechou em alta de 0,05%. Foi melhor que a similar argentina, que caiu 2,04%.
Os títulos da dívida externa também recuaram. O C-Bond fechou cotado a US$ 0,5962.
O pau que sustenta esse circo da realocação de aplicações em direção à renda variável (em ações, por exemplo) e aos países dos chamados mercados emergentes (Brasil incluído) é a expectativa de queda das taxas de juros, especialmente nos EUA.
O mundo inteiro trabalha olhando a taxa paga nos títulos de 30 anos norte-americanos. E ontem elas não apontaram para baixo.
É que a reunião entre o presidente Clinton e o Congresso de maioria republicana, para discutir acordo para o Orçamento, foi desmarcada. Congresso de oposição em véspera de eleição é igual em todo o mundo. Mas o que importa é que, sem acordo, o juro não cai.
O cenário ainda não foi tomado pelo pessimismo. Tanto que a Bolsa, em dia de realização, movimentou um volume menor do que o da véspera. Sinal de que tem menos gente disposta a vender do que a comprar.
Além disso, o mercado, aos trancos e barrancos, fechou com ligeira alta -sinal de que conseguiu absorver a realização.
Em resumo, a Bolsa está no bolso dos gringos. Faz tempo.
Na área de juros, de novo, o BC (Banco Central) não deu as caras. As taxas recuaram para se estabilizarem na faixa de 3,4% -considerada informalmente como o "piso" dos juros para este mês.
Hoje, quando a liquidez aumenta no mercado com o ingresso de aproximadamente R$ 2 bilhões (o fim do compulsório sobre o crédito), o BC será obrigado a terminar com a polêmica, fixando a taxa mínima de juros.
No fundo, o que se discute é a velocidade de queda dos juros. É consenso que eles estão altíssimos e que vão cair.
Apesar da discussão e da ausência do BC do mercado, a maioria dos analistas ainda aposta na continuidade do gradualismo.
O BC parece ter medo de, errando a mão, ter de subir a taxa. Por isso, acreditam, continua trazendo os juros para baixo em ritmo de uma pavana.

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