São Paulo, sexta-feira, 5 de janeiro de 1996
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Copa SP traz armadilha para o novato

CARECA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Copa São Paulo, que começa a ser disputada hoje, em várias cidades do Estado, reunindo times de juniores de todas as partes do Brasil e um convidado do exterior, é uma vitrine simplesmente incomparável para o jovem jogador de futebol. É fundamental, porém, saber aproveitá-la.
Poucas vezes um jogador em início de carreira -e, em alguns casos, no início de algo que ainda pode vir a ser uma carreira- tem tantas chances de projeção imediata.
A Copa São Paulo atrai os profissionais especializados na área, tem espaço garantido nas redes de televisão e chama a atenção de todo o Brasil. Não à toa.
Muitos grandes jogadores tiveram a chance de, ainda muito cedo em suas vidas, mostrar seu talento disputando essa competição.
Eu mesmo tive a felicidade de me sair bem em uma de suas edições e pude verificar o que ela representa de impulso para a carreira de um atleta iniciante.
Depois de minha participação nessa competição, defendendo o time do Guarani, passei a ser chamado com frequência para completar o conjunto que, nos coletivos, enfrentava a equipe titular de profissionais.
Nada melhor que isso, àquela altura, pois eu tinha a chance de mostrar o que sabia para o técnico e para todas as demais pessoas do grupo.
Justamente pela grande exposição que proporciona e pela ascensão que promete é que a Copa São Paulo representa uma armadilha para o iniciante -um jogador que pode ter futebol "de gente grande", mas que é um homem ainda imberbe, nos seus 16, 17 anos, com toda a imaturidade que isso implica.
A garotada precisa ter cabeça.
Por conta da vontade de se destacar, o novato corre o risco de acabar sendo individualista, prendendo a bola, esquecendo dos companheiros ou de que futebol é um jogo de equipe.
Querendo mostrar que sabe muito, ele termina se perdendo. E pode dar a impressão de que não sabe nada.
É claro que a coragem é fundamental no mundo do futebol, do início ao fim da carreira. O homem talhado para os momentos de decisão começa a se destacar aí. E, como acontece na vida de maneira geral, só quem arrisca pode vencer.
Pode se dar muito bem o jogador que partir com sucesso para o lance individual ou chamar para si a responsabilidade na hora de definir a partida.
O grande segredo é, portanto, procurar o equilíbrio. Evitar ser excessivamente discreto ou espalhafatosamente exibido.
Quem estiver no ponto de "explodir" vai conseguir chegar lá de qualquer jeito. Isso é certo, mesmo que a melhor oportunidade não apareça logo após a Copa São Paulo. Basta manter a tranquilidade. Talvez seja esta a melhor receita para encurtar o caminho para o sucesso: esquecer todos os holofotes e jogar o seu futebol de sempre.

Antônio de Oliveira Filho, o Careca, 35, ex-jogador, se destacou na Copa São Paulo de 1977

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