São Paulo, sexta-feira, 5 de janeiro de 1996
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Mais psicologia neles!

JUCA KFOURI

São inúmeras as provas de como um bom trabalho psicológico favorece equipes esportivas.
Nos tempos da Democracia Corintiana, 1982/83, coube ao psiquiatra Flávio Gikovate um papel de relevo junto ao grupo de atletas, e o resultado foi o bicampeonato paulista.
Gikovate, aliás, previa com absoluta precisão como seria o desempenho de cada jogador e do time horas antes de cada jogo.
Já em 1972, a equipe de natação norte-americana que disputou a Olimpíada de Munique foi selecionada sob critérios psicológicos.
A três meses dos Jogos, nada menos que 60 nadadores tinham índices praticamente iguais, com desempenhos técnicos e físicos muito semelhantes. Foi aí que o doutor William Morgan fez uma avaliação psicológica dos atletas e selecionou 30.
Desses, os sete primeiros chegaram às finais, entre eles o fenomenal Mark Spitz.
O doutor Victor Matsudo explica que os sinais psicológicos de estafa, o chamado "over training", aparecem antes que os musculares.
Se, por exemplo, o judoca de ouro Rogério Sampaio tivesse sido submetido a um teste psicológico, provavelmente não estaria na situação em que está, ameaçado de não ir a Atlanta.
Nosso vôlei sabe bem da importância da professora da FMU Maria Regina Brandão, que está defendendo tese de mestrado na área de psicologia esportiva na Universidade de Santa Maria, Rio Grande de Sul.
Lamentavelmente, o São Paulo a teve e a perdeu junto com o professor João Paulo Medina.
Outro craque no tema é o professor Dietman Samulski, da Universidade de Colônia, na Alemanha, e que dá aulas na Universidade Federal de Minas Gerais, além de ser diretor da Sociedade Brasileira de Psicologia Esportiva.
O psicoterapeuta de grupo Alfredo Soeiro é mais um com belo trabalho na área. Em 1975, o time de vôlei feminino de São Caetano pegou cinco jogadoras do Pinheiros e formou uma verdadeira seleção. Estranhamente, ficou em quarto lugar no Campeonato Estadual. No ano seguinte, contratou Soeiro e o time foi campeão sem perder nem um set sequer.
Ele simplesmente descobriu que até o motorista do clube exercia um papel deletério no grupo anterior, desmerecendo as jogadoras reservas com frase do tipo: "Ter de levar em casa gente que fica no banco como você a essa hora da madrugada é dose para leão".
Acordem, cartolas.

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