São Paulo, sábado, 6 de janeiro de 1996
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Murayama deixa cargo de premiê do Japão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O socialista Tomiichi Murayama, 71, renunciou ontem ao cargo de primeiro-ministro do Japão. O ministro da Indústria e Comércio Exterior, Ryutaro Hashimoto, deve ser seu substituto.
Murayama enfrentava baixa popularidade. Ele disse que renunciou na tentativa de manter no governo a coalizão centro-esquerdista de três partidos.
O premiê demissionário evitou indicar diretamente o nome de Hashimoto como seu sucessor. A escolha deve acontecer, dentro da coalizão, na segunda-feira.
Hashimoto pertence ao Partido Liberal Democrático, o maior (e mais conservador) membro da coalizão. O pequeno Novo Partido Sakigake também dá apoio ao governo.
Murayama é o primeiro socialista a ocupar o cargo de premiê no país. Sua indicação rompeu uma hegemonia de 43 anos do PLD à frente do governo.
A renúncia de Murayama era esperada para abril, quando o Parlamento teria votado o Orçamento para 1996 e 1997 e o premiê teria tido uma reunião de cúpula com Bill Clinton.
Ichiro Ozawa, líder do Shinshinto (Partido da Nova Fronteira, o principal da oposição) pediu eleições antecipadas. Elas estão previstas inicialmente para 1997.
"A simples troca de premiês dentro dos três partidos não basta. O governo deveria pedir o julgamento do povo", disse.
"Não é hora de eleições gerais. Devemos manter as medidas que tomamos até o fim da recessão que enfrentamos", respondeu Tomiichi Murayama.
A coalizão do governo tem 294 das 511 na Câmara dos Deputados japonesa e não deve ter dificuldade para manter-se no governo.
Uma pesquisa feita pela TV Asahi mostrou que 41,3% dos entrevistados preferem votar logo depois da aprovação do Orçamento, enquanto 39,3% querem eleições gerais agora. Isso significa que mais de 80% querem eleições antecipadas.
Murayama está no governo há 18 meses. Nesse período enfrentou vários problemas (veja quadro nesta página) e foi acusado de ser um fraco negociador político.
Seus ministros devem agora apresentar uma renúncia coletiva, embora mantenham-se no cargo provisoriamente, até a posse do novo premiê, o quarto em menos de três anos.
Apesar de relativamente surpreso com a decisão, o mercado financeiro japonês reagiu sem pânico: o dólar subiu pouco e a bolsa teve um pequeno movimento.
Os EUA disseram que não há motivo de preocupação com a mudança, apesar da fama de negociador duro do virtual sucessor de Murayama (leia nesta página).
O porta-voz da Casa Branca, Mike McCurry, elogiou a atuação de Murayama, "principalmente na área de cooperação de segurança".

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