São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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Após crise, Banco Central vive calmaria

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O ambiente na diretoria do Banco Central mudou da água para o vinho em apenas três semanas.
Em 18 de dezembro, a Folha ouviu diretores que definiam o ambiente como "péssimo". No final da última semana, as mesmas pessoas diziam que estava tudo bem e que ninguém vai abandonar o barco.
Há três semanas, estava no auge a crise da pasta cor-de-rosa e ainda se temia por um desastre nas vendas de Natal. Na última semana, o ambiente econômico mudara para melhor, as pesquisas sustentavam o Plano Real e o ministro Pedro Malan e o BC conseguia vender, e reabrir, o Econômico.
Entre um momento e outro, o presidente FHC manteve conversas diretas com diretores do BC, especialmente os dois mais atingidos pela crise, Gustavo Loyola, presidente, e Cláudio Mauch, diretor de Normas, e passou um recado preciso.
O seguinte: casos como os da pasta rosa e Econômico tinham componentes políticos muito além da esfera do BC.
Nessas circunstâncias, o pessoal do BC deveria se limitar a cuidar dos aspectos técnico-econômicos, deixando a política para o próprio presidente FHC.
Por razões políticas, ainda é o recado, FHC poderia cobrar, em público, algumas providências do BC, como fez no caso da pasta rosa. Nessas circunstâncias, o pessoal do BC deveria relevar e continuar seu serviço.
A julgar pela renovada disposição dos diretores do BC, percebida na última semana, o recado foi assimilado.
Depois de finalizada a venda do Econômico para o Banco Excel, se o BC conseguir dar uma solução para o Banespa, então o ambiente por lá estará pacificado.
Até sabe-se lá quando. Ninguém pode dizer que o governo FHC esgotou sua capacidade de gerar crises internas.
(CAS)

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