São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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Governo negocia com lideranças sindicais

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo vai sentar com os sindicalistas para discutir a reforma na Previdência Social e tentar impedir movimentos de protesto.
Segundo a Folha apurou, o próprio presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, está realizando contatos telefônicos com algumas lideranças sindicais.
As negociações pessoais com os sindicalistas começam já e devem acontecer em duas fases: primeiro com ministros; depois, até mesmo FHC poderá participar de encontros com as centrais.
A reforma da Previdência faz parte da pauta proposta por FHC para votação durante a convocação extraordinária do Congresso, que volta aos trabalhos na segunda-feira. Por isso, FHC tem pressa.
Procurado pela Folha, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, demonstrou interesse em negociar.
"Vou propor, na reunião da direção da Força Sindical, na segunda-feira, que procuremos discutir novamente nosso projeto com o governo antes de marcarmos um protesto. Vou propor isso para a CUT, também", disse Paulinho.
Na terça-feira, dia 9, a Força Sindical se reúne com a CUT para definir a data para uma mobilização -ou até greve geral- em defesa da manutenção da aposentadoria por tempo de serviço. A idéia inicial era realizar um primeiro protesto já em janeiro.
O secretário-geral da CUT, João Vaccari Neto, e o presidente da entidade, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, estavam viajando na sexta-feira à noite e não foram encontrados pela Folha.
"A votação da reforma não aconteceu no final de 95 porque os membros da comissão da Previdência no Congresso não estavam satisfeitos com o projeto existente. Só nós, do movimento sindical, não teríamos condições de barrar a votação", diz Paulinho.
Para Paulinho, grupos interessados na previdência privada também estão insatisfeitos com o projeto que seria votado.
"Como o projeto mantém privilégios de juízes, deputados e senadores, o mercado para os fundos privados fica mais restrito do que o desejado por esses fundos", diz.
As centrais sindicais têm propostas diferentes para modificar a Previdência Social. Mas se unem nas críticas ao projeto do governo porque ele aumenta o tempo de trabalho necessário para a obtenção da aposentadoria por tempo de serviço e corta aposentadorias especiais de algumas categorias, como por exemplo os professores.

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