São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo prepara pacote fiscal contra déficit público

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo estuda medidas fiscais para conter a deterioração das contas públicas neste ano, considerada a principal ameaça do Plano Real.
As providências poderão ser divulgadas nesta semana e incluem a redução de gastos com salário dos servidores e manutenção da máquina administrativa.
O anúncio poderá ser feito pelo próprio presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em entrevista coletiva.
O objetivo do governo é mostrar que quer reverter a tendência de crescimento do déficit público -gastos maiores que a receita.
Déficit
O chamado governo central, composto pelo Tesouro Nacional e a Previdência Social, fechou 1995 com déficit equivalente a 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de riquezas produzidas no ano).
O cálculo foi feito no conceito operacional, que inclui as despesas com juros das dívidas interna e externa.
Esse resultado é um retrocesso em relação ao superávit (saldo positivo) obtido em 1994, de 1,1% do PIB, também no conceito operacional.
O déficit de todo o setor público -União, Estados, municípios e estatais- no ano passado está calculado em quase 4% do PIB.
A nova política de reajuste dos salários dos servidores públicos e dos benefícios da Previdência Social fará parte das medidas fiscais em estudo pelo governo.
Privilégios
A equipe econômica atribui à folha de pagamento e aos privilégios nos benefícios da Previdência Social o rombo de aproximadamente R$ 6 bilhões nas contas do governo federal em 1995.
Somente em dezembro último, o rombo nas contas do Tesouro ficou em torno de R$ 2 bilhões, somando R$ 4,5 bilhões durante o ano.
A conta de juros, ao lado da folha de pagamentos, foi o que mais contribuiu para o aumento do déficit público em 1995.
O total de juros reais pagos pelo setor público inteiro era de 3,43% do PIB em dezembro de 1994.
As altas taxas de juros praticadas pelo governo para conter o crescimento da economia e segurar a inflação baixa foram os responsáveis pelo aumento do peso dos juros nas contas públicas.
A tática faz parte da política econômica defendida pelo Ministério da Fazenda/Banco Central, e deve continuar durante este ano.
Em 1995, os juros dos Certificados de Depósito Bancário atingiram a casa dos 32% ao ano, contra uma inflação na casa dos 20%.
Defesa
Na entrevista coletiva programada para a próxima semana, os resultados positivos alcançados no primeiro ano do governo de Fernando Henrique Cardoso serão ressaltados.
O mais evidente é a taxa de inflação anual na casa de 20%.
O governo dirá que direcionará a política econômica neste ano para reduzir ainda mais a inflação em 1996. A meta é que a inflação ao consumidor fique na casa dos 17% no acumulado deste ano.
O reajuste das tarifas públicas abaixo da inflação em 1995 será outro ponto ressaltado.
Os preços da gasolina foram reajustados em média 16% abaixo da inflação.
Também será enfatizado que apesar da alta das tarifas de telefone e energia elétrica bem acima da inflação -em decorrência do fim dos subsídios-, elas ainda continuam abaixo dos preços praticados em países da Europa e Estados Unidos.

Texto Anterior: Presente público
Próximo Texto: Governo negocia com lideranças sindicais
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.