São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996 |
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Caracterização de novela não é considerada fiel
BILL SOUZA
O vestuário, a forma de trabalho, a vida em barracas e outros costumes, antes rígidos, acompanharam as mudanças da sociedade e hoje são semelhantes aos da vida dos não-ciganos, dizem. As mulheres solteiras usam calças jeans com permissão dos pais, ao contrário do que acontece com a personagem Dara, da novela. As ciganas são obrigadas a se vestir com saias só depois de casadas. O uso de lenços na cabeça -símbolo da mulher casada entre os ciganos- também já não tem a adesão de todas as ciganas de Campinas (99 km de SP). Muitas trocaram o lenço por uma espécie de prendedor de cabelos colorido. Os casamentos também já não são mais "arranjados" entre as famílias há pelo menos 50 anos, segundo Giovanni Breschak. Hoje, tanto a mulher como o homem podem escolher seus parceiros dentro da comunidade, mas os casamentos continuam a ser feitos entre os 15 e 18 anos. Não há namoro: quando um homem se declara a uma mulher, ficam noivos e casam em dois meses. Os ciganos de Campinas deixaram a vida em barracas há 20 anos e hoje moram em casas, que não são tão decoradas como motivos ciganos como na novela. O trabalho com cobre já não faz parte da rotina dos ciganos de Campinas, como ocorre com os personagens da novela. O único que ainda faz tachos e chaleiras com o material é o cigano Giovanni Breschak, 83, o mais velho da comunidade de Campinas. Mas há detalhes na novela que ainda fazem parte da tradição cigana. Um deles é a que a mulher precisa manter a virgindade até o casamento. "Ficamos ofendidos com a cena em que a cigana Dara perde a virgindade", disse o pastor e líder das seis igrejas evangélicas ciganas do país, Mile Breschak, 31. O estudo continua a ser uma das proibições. Os jovens só cursam, em geral, até a 4ª série. (BS) Texto Anterior: Campinas é 'vaticano' de ciganos no Brasil Próximo Texto: EUA estudam aprovar a venda de gordura que não engorda Índice |
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