São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996 |
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EUA estudam aprovar a venda de gordura que não engorda
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Olestra é um tipo de gordura desenvolvido há 37 anos pela Procter & Gamble, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, que - ao contrário da gordura normal - não é absorvida pelo intestino. A Procter & Gamble investiu US$ 200 milhões na pesquisa com olestra e já tem preparados diversos produtos, a começar por uma batatinha frita chamada Olean, para colocar num mercado que pode valer US$ 1 bilhão em 10 anos. A decisão para liberar a gordura sem gordura depende de uma só pessoa: David Kessler, o chefe da Food and Drug Administration (Administração de Comidas e Drogas), a agência do governo encarregada de controlar o comércio de medicamentos, cosméticos, alimentos e produtos que afetem a saúde. Kessler tem sido objeto de muita controvérsia nos EUA, em especial por causa de sua obsessiva cruzada contra o fumo. Sua agência quer que o cigarro seja considerado droga que causa dependência. No caso de olestra, Kessler tem que ponderar, de um lado a pressão de todos os gulosos que não gostam de ser gordos do país (um terço da população dos EUA é considerada obesa) e, de outro, as acusações de que a gordura sem gordura pode provocar problemas de saúde. As pesquisas com olestra demonstram que algumas pessoas que consomem produtos feitos com olestra sofrem de cólicas, flatulência, intestino desarranjado e diarréias. Além disso, a olestra impede o organismo de absorver nutrientes chamados carotenóides, que baixam o risco de câncer, e também reduz a absorção de vitaminas importantes como as A, D, E e K. Apesar disso, todas as comissões da FDA que analisaram a gordura sem gordura consideraram que ela pode provocar efeitos desagradáveis mas não um grande risco à saúde pública e aprovaram liberação da olestra. Agora, Kessler tem até o final de janeiro para tomar a decisão final. Em geral, os chefes da FDA seguem os conselhos de seus comitês. Mas Kessler é um personagem atípico, individualista e cheio de convicções próprias. Os opositores de olestra argumentam que a gordura sem gordura não só oferece riscos à saúde como também não vai alcançar o objetivo de diminuir a obesidade no país. Mostram que, desde 1957, quando o primeiro adoçante artificial apareceu, a obesidade nos EUA só tem crescido porque as pessoas buscam compensações para as calorias que deixaram de ganhar com o açúcar e essas alternativas às vezes são piores do que o próprio açúcar. Texto Anterior: Caracterização de novela não é considerada fiel Próximo Texto: Governo libera remédio anti-rugas Índice |
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