São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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Insistência é caminho para iniciar atividade

CARLA ARANHA SCHUTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

É preciso mais do que boa aparência e desenvoltura para conseguir uma vaga nas maiores agências de emprego do país, que fazem recrutamento de temporários.
"A concorrência é bem grande. Só selecionamos quem realmente vai dar certo", afirma Marco Nogueira, da Overplan.
Telefonar para a agência a cada semana, fazer visitas de surpresa e pedir indicação de amigos representam o caminho mais curto para dar certo na atividade, segundo Alessandra Leone, 20.
Ela distribuiu viseiras na avenida Paulista como temporária da agência HVA, em São Paulo, durante a corrida de São Silvestre, no último dia do ano -recebeu R$ 70 por quatro horas de trabalho.
"Comecei a fazer esses trabalhos há dois meses por intermédio de uma amiga. Quis entrar na área para poder pagar minhas aulas de canto lírico. Eu quero ser cantora", afirma.
Uma vez no mercado, aparecem vários trabalhos, segundo ela. "Acho legal na atividade a camaradagem que existe. Tem muita indicação de colegas, que dizem onde há oportunidades."
Para Marcos Roberto Serrano, 25, vale tudo para conseguir uma oportunidade. "Vale até telefonar semanalmente para a agência para saber se apareceu alguma coisa. O que importa é fazer entrevistas."
Serrano parece saber o que diz. Há cinco meses só trabalha como temporário. Agora faz degustação de alimentos em um grande supermercado de São Paulo. A atividade rende a ele R$ 1.000 por mês.
Fátima Santana Caldana, 27, outra adepta do trabalho temporário, diz que as oportunidades aparecem também quando o candidato não força a barra.
"Estou há quatro anos me virando com esse esquema. Emendo um trabalho no outro e recomendo ao iniciante ser franco nas entrevistas."
Ela chega a receber até R$ 2.100 por mês. "Ganho mais nas temporadas de férias, quando surgem mais oportunidades."
Para Karina Reinherdt, 20, consegue se manter na atividade quem nunca "dá mancada".
"Todo mundo se conhece nesse mercado. Por isso, faltar ou chegar atrasado é a morte. Nesse trabalho é fundamental estar ali durante todos os minutos combinados, até porque fazemos promoções geralmente curtas, de 15 dias."
Ela é temporária há três anos. Antes de começar na área, era operadora de telemarketing e recebia um salário de R$ 300.
"O problema é que nas empresas os salários são baixos. Não voltaria a ser fixa por tão pouco."
Hoje Karina ganha cerca de R$ 850 mensais, mais ajuda de custo para alimentação e transporte de, em média, R$ 150.
(CAS)

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