São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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Notícias do outro mundo

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO - Oposição, lembra-se? PT, PDT etc, já ouviu falar? Não muito, pelo menos recentemente, certo?
Pois é, essa turma promete ressurgir no cenário nacional, do qual foi virtualmente varrida depois da derrota eleitoral de 1994.
Na semana que se inicia, as lideranças do PT e do PDT marcaram uma reunião, cuja data exata depende da agenda de Leonel Brizola, o líder pedetista. É a continuidade de conversas destinadas à criação de um conglomerado de oposições no Congresso, numa ponta, e de uma atuação coordenada com entidades da chamada sociedade civil (leia-se CUT, UNE, CGT etc).
Consta que as conversas anteriores foram muito positivas, entre outras razões porque Brizola abandonou o tom crítico que periodicamente adota em relação ao PT como um todo e a Luiz Inácio Lula da Silva em particular (lembra-se do "sapo barbudo"?).
Tomara que dê certo, por motivos óbvios: não se faz democracia sem que haja governo e oposição, o que é acaciano, mas sempre convém dizer. Além disso, a virtual ausência de oposição no primeiro ano do governo FHC contribuiu para que o debate político ficasse desidratado ao extremo.
Toda a discussão girou em torno do índice de governismo no Congresso, o que, convenhamos, é pobre.
Mas é forçoso reconhecer que as oposições terão formidáveis dificuldades para se transformarem em "presença determinante no primeiro semestre de 96", como pretende José Dirceu, presidente nacional do PT.
Primeiro porque são numericamente frágeis para ditar rumos no Congresso. Segundo, porque enfrentam a antipatia da maior parte da mídia, especialmente a eletrônica, que atinge o maior público.
E, terceiro, talvez principal: nem PT nem PDT descobriram a fórmula de fazer oposição ao governo sem parecer que estão fazendo oposição também ao Plano Real, que continua gozando de forte simpatia popular, como o provou a pesquisa Datafolha publicada no final do ano.
No fundo, neste terceiro ponto, oposição e governo estão no mesmo pé em que estavam durante a campanha eleitoral de 94. Nela, deu FHC com folga. Aguardemos o segundo turno, mas, de todo modo, FHC ainda sai na frente.

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