São Paulo, segunda-feira, 8 de janeiro de 1996
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Após ataques, UE rejeita divisão de Mostar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O administrador da União Européia (UE) em Mostar (sul da Bósnia), Hans Koschnick, rejeitou o pedido dos croatas para que a cidade seja dividida, afirmando que Mostar não se tornará uma "Berlim dos Bálcãs".
O administrador ameaçou retirar a ajuda econômica da UE se confrontos entre croatas e muçulmanos retornarem. "Nós vamos fazer as malas, pegar o dinheiro e sair."
Ele afirmou que a persistência do conflito na cidade acabaria com a federação muçulmano-croata, uma das bases da paz na Bósnia.
A calma votou ontem à cidade. Durante a noite de anteontem, franco-atiradores croatas e muçulmanos trocaram tiros. Foram lançadas também granadas-foguetes próximo à linha de confronto dos grupos na cidade.
Os combates ocorreram depois do assassinato de um muçulmano pela polícia croata na quinta-feira.
O prefeito croata da cidade, Mijo Brajkovic, disse na sexta-feira que a divisão de Mostar seria a única saída para a cidade.
Ele também afirmou que os croatas da Bósnia reivindicam a cidade como sua capital.
Vivem em Mostar as comunidades croata e muçulmana. Os dois grupos têm uma federação no país desde fevereiro de 1994, em oposição aos sérvios, que queriam se separar do resto da Bósnia.
Com o acordo de paz de Dayton, os sérvios abandonaram a pretensão separatista.
Em 1993, croatas e muçulmanos lutaram pelo controle de Mostar, e, desde então, continua havendo hostilidade entre os grupos.
Soldados da Ifor, a força de paz da Otan, dirigiram-se ao local para garantir a paz na cidade.
Por Dayton, a função da força é garantir a divisão entre territórios dominados pela federação muçulmano-croata e pelos sérvios e o livre trânsito de civis no país.
Ontem, o comandante britânico Michael Walker disse que os soldados não têm força para garantir o trânsito de civis.
Mostar vive o mesmo problema de Sarajevo (capital), onde vivem cerca de 100 mil sérvios em meio a uma maioria muçulmana. Os sérvios protestaram contra a entrega da cidade a muçulmanos e croatas.
A Otan (aliança militar ocidental) afirmou ontem que um avião francês e outro grego foram atingidos ao chegar a Sarajevo, sem deixar feridos ou mortos.
Também na capital bósnia, duas pessoas ficaram feridas em fogo comemorativo dos sérvios, durante a celebração do Natal dos cristãos ortodoxos.

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