São Paulo, segunda-feira, 8 de janeiro de 1996
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Autonomia da USP; Botafogo e Santos; Igreja Universal; Desembargador Lazzarini; Fantasma do desemprego; Adib Jatene; Boas festas

Autonomia da USP
"O 'Painel do Leitor' do dia 3/1 publica carta de um certo professor Antenor Rodrigo de Lima, que se identifica como aposentado da USP, na qual apresenta um amontoado de acusações sem sentido contra a instituição. Ao que nos parece, essas acusações apenas encobrem o objetivo principal do sr. Lima, que é o de questionar a defesa que a USP vem fazendo do princípio da autonomia universitária. Ele se mostra, inicialmente, inconformado com o baixo índice da 'nota de corte' para o curso de Letras. Revela-se desinformado quanto ao fato de que essa nota é definida a partir da relação entre o número de vagas oferecidas em cada curso e o número de candidatos que as disputam. Assim, quanto maior for a quantidade de candidatos por vaga, maior será a nota de corte. E isso não significa demérito para o curso, como sugere o sr. Lima. Ele ignora ou finge ignorar que o preparo dos estudantes que prestam o vestibular é de responsabilidade da rede de ensino de primeiro e de segundo graus, tanto pública quanto privada. E, portanto, a qualidade desses estudantes e os baixos salários dos seus professores não podem ser uma responsabilidade da USP. Com base em argumentos tirados de uma estranha pasta que diz ter encontrado em recente caminhada pelo campus, o sr. Lima ataca os atuais professores de Letras, transformando, magicamente, qualidades em defeitos. Acusa-os, por exemplo, de terem passado de docentes a cientistas, de cultivarem especial preocupação com intercâmbios internacionais e de desempenharem atividades de extensão em outras universidades. E, imperialmente, avalia que as pesquisas por eles desenvolvidas são desinteressantes e despropositadas. A resposta a essas considerações desconexas é o compromisso assumido pela USP com os jovens e com a sociedade de manter inabalável o seu conceito de qualidade, hoje reconhecido universalmente. O que precisamos melhorar é a reciclagem dos anacrônicos que, mesmo aposentados, ainda multiplicam idéias e comportamentos talvez válidos para épocas medievais, mas incompatíveis com a universidade moderna e competente."
Carlos Alberto Barbosa Dantas, pró-reitor de graduação da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Botafogo e Santos
"Em sua coluna de 24/12, o ombudsman acusa os jornais cariocas de darem muito valor à conquista botafoguense. Na minha opinião, é um fato meramente comercial. Se o Santos tivesse sido campeão, aconteceria o mesmo com a maioria dos jornais. O gol do Camanducaia, na visão de qualquer mortal, estava em situação irregular e o Márcio Rezende de Freitas, mortal como todos nós, viu a irregularidade. Mas surge a grande jogada, o 'olho eletrônico'. Agora, surgem milhões de juízes com a certeza absoluta e inquisidora de que o juiz errou. É muito fácil. Para não ficar pensando que o Santos é o único injustiçado por erros de arbitragens, posso lembrar o que aconteceu com o próprio Botafogo em 1981 contra o São Paulo no Morumbi. Coação ao juiz, pênalti que não existiu, tudo o que foi possível para o São Paulo ganhar o jogo. Resultado: São Paulo 3 x 2 Botafogo. Botafogo eliminado. O Santos perdeu o campeonato na sua auto-suficiência no Maracanã, quando, antes do início do segundo tempo, disse que a meta era segurar o resultado (a derrota) e reverter em São Paulo."
Charles Pennaforte (Rio de Janeiro, RJ)

Igreja Universal
"Lamentáveis os artigos dos senhores Marcelo Beraba e Clóvis Rossi (25/12 e 26/12). Duvido que nos jornais do episcopado universal poderiam expressar opinião favorável aos adversários deste. Pessoas íntimas com um grau de educação, crentes e muito menos líderes de uma seita religiosa podem portar-se daquele modo. Nenhuma seita evangélica admite que os homens devam buscar a riqueza material como valor supremo da vida. Foi exatamente no oposto a isso que Weber identificou a gênese do capitalismo. Na recusa do usufruto dos prazeres mundanos e na valorização do trabalho e da poupança, pela incerteza da salvação (Calvino). O sr. Macedo nutre um desejo de dominação política, religiosa e econômica das massas terceiro-mundistas."
Everton N. Jobim (Rio de Janeiro, RJ)
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"A Edir Macedo, Honorilton Gonçalves e Ronaldo Dedini: minha solidariedade aos companheiros da Universal, em especial a vocês que injustamente se vêem atingidos pela campeã da promiscuidade nacional. A esses ímpios que chafurdam na lama de sua própria ignomínia também serve a ordem cristã: 'Que atire a primeira pedra quem não tiver pecado'."
Jorge Singh (Guarulhos, SP)

Desembargador Lazzarini
"Li surpreso a carta de um sr. Wanderley Gonçalves Carneiro, onde citado cavalheiro tece comentários pouco generosos ao insigne mestre dr. Álvaro Lazzarini, desembargador de nosso Tribunal de Justiça. Direito, o sr. Wanderley faz questão de demonstrar desconhecer ao citar 'conceito de autoridade' de delegados de polícia em países de língua 'neolatina' e 'anglo-saxônica'. Qualquer um que tenha conhecimento do processo penal praticado fora do Brasil sabe que não existe tal funcionário nem tal função em nenhum país, a não ser nestas plagas tupiniquins. Apesar dessa exclusividade, no nosso país em nenhum diploma legal fica discriminada qual profissão detém a autoridade policial. Pelo que escreve dá a impressão de ser esse sr. Wanderley um militar, já que emite opiniões sobre a conduta militar de outrem. Aqui também ele revela profundo desconhecimento: o tenente Lazzarini era brilhante e de alto valor militar, consoante o atestam os elogios e citações constantes de sua fé de ofício. Finalmente, o desconhecimento desse sr. Wanderley o leva a afirmar que o desembargador nunca deixou de ser tenente, o que é óbvio, pois a patente do oficial só é perdida por sentença transitada em julgado."
Alaor S. Brandão (São Paulo, SP)

Fantasma do desemprego
"Por que o fantasma do desemprego está sempre perseguindo o tão sofrido povo brasileiro? Por que as pessoas respondem que têm mais medo de perder o emprego até mesmo do que de serem assaltadas? Eu não sou especialista nessas coisas, mas sou mãe, dona-de-casa e só entendo dessa economia. Sei que é preciso saber alimentar, aproveitando sobras, folhas e cascas, sei que é preciso remendar, costurar e limpar muito bem o ambiente evitando insetos. Sei principalmente que é preciso dar e demonstrar muito amor. É por tudo isso que me preocupo quando aquele 'fantasma' ronda as nossas casas. Por favor matem esse fantasma por mim."
Maria da Conceição F. Moreira (Ribeirão Preto, SP)

Adib Jatene
"Gostaria que o dr. Adib Jatene esclarecesse à opinião pública dois pontos: 1) Por que quando V. Sa. entrou para o Ministério da Saúde abrandou a portaria de seu antecessor que restringia de uma maneira eficaz e contundente a propaganda de cigarros? 2) Por que V. Sa. quer insistir na cobrança do IPMF, imposto este condenado por grande parte da população, economistas e empresários? Numa economia estável, os 0,25% por operação terão um efeito em cascata que inviabilizará os custos de produção e a meta inflacionária de 1% ao mês. Todavia, V. Sa. tem ao alcance de suas mãos uma solução mais justa e eficaz, a cobrança do imposto sobre os cigarros."
Manoel Fernando Alves de Lima (São Paulo, SP)

Boas festas
A Folha retribui as mensagens de boas festas que recebeu de: Darling Lingerie (São Paulo, SP); Rosana Beni (São Paulo, SP); Célia Artacho, deputada estadual (São Paulo, SP); Galeria de Arte André (São Paulo, SP); Logus Propaganda (Campinas, SP); Associação Olimpíadas Especiais Brasil (Valinhos, SP); Zenas Pires, vereador pelo PMDB (São Paulo, SP); Maurício Faria, vereador pelo PT (São Paulo, SP).

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