São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996
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Passarinho na gaiola

Olavo Setúbal era prefeito de São Paulo e tinha que cumprir uma extensa agenda de inaugurações na periferia da cidade.
Naquele dia, sua assessoria resolveu inovar. Como se tratava da inauguração de um parque, os auxiliares trataram de carregar no simbolismo ecológico do evento, embora, na época, a idéia ainda não tivesse virado moda.
Arrumaram um sabiá e, na hora da solenidade, dariam a gaiola com o pássaro dentro para o prefeito soltá-lo.
Setúbal fez seu discurso e, no momento culminante da inauguração, enfiou a mão dentro da gaiola. O prefeito retirou o passarinho e abriu a mão. Para desespero da assessoria, o sabiá descumpriu sua parte no script: não quis saber de sair voando. Ficou ali, pousado na mão do prefeito.
Alguns sugeriram que ele agitasse a mão. Não adiantou. A tensão já ia aumentando, quando um garoto que assistia à cena falou:
- Puxa o rabo dele, prefeito.
Desconfiado, Setúbal aceitou a sugestão. Foi a salvação da assessoria: o bicho decolou.

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