São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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Ciro Gomes acusa o governo de corrupção

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O ex-ministro Ciro Gomes afirmou ontem que existe corrupção no atual governo.
Indagado sobre o porquê de o presidente Fernando Henrique Cardoso não punir os corruptos, o ex-ministro respondeu: "Pois é, boa pergunta".
Ciro Gomes, ministro da Fazenda no governo Itamar Franco e, como FHC, filiado ao PSDB, disse que existe "com certeza, muita corrupção" no ministério da Saúde. Preservou da crítica, no entanto, o ministro da pasta, Adib Jatene, e o presidente da República, que considera honestos.
O ex-ministro citou a Eletronorte como outro foco de corrupção. Ele disse que um caso recente de superfaturamento na estatal provocou um rombo de cerca de R$ 300 milhões nos cofres públicos. O escândalo, segundo ele, foi abafado na imprensa pelo caso da "pasta rosa".
O ex-ministro lançou na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) seu livro "O Próximo Passo -Uma Alternativa Prática ao Neoliberalismo", escrito a quatro mãos com o cientista social Roberto Mangabeira Unger, professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Ciro Gomes voltou a acusar o ex-ministro da Saúde Henrique Santillo (governo Itamar Franco) de corrupção. Ele afirmou ter provas contra o seu ex-colega de ministério e atual correligionário no PSDB. As provas serão mostradas no "momento oportuno", disse.
O ex-ministro da Fazenda afirmou que o líder do PSDB na Câmara, José Anibal (SP), lhe telefonou ontem negando que o tivesse condenado pelas acusações a Henrique Santillo.
Em carta que enviou a Santillo, entretanto, José Aníbal criticou a "postura" de Ciro Gomes, dizendo que os "ataques" do ex-ministro "passam ao largo das divergências políticas e chegam, muitas vezes, ao limiar da calúnia e da difamação".
Outro político atacado por Ciro Gomes na entrevista coletiva concedida em Porto Alegre foi o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB). "Ele é ladrão, todo mundo sabe."
Outro lado
Procurado pela Folha em seu escritório, às 18h30m, o ex-governador Orestes Quércia não foi encontrado. Os telefones de sua casa não respondiam.
O ex-ministro Henrique Santillo também foi procurado em casa e em seu comitê de campanha para prefeito de Anápolis, cidade de Góias, mas não foi localizado.

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