São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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Atentado doce

De tanto ler e ouvir agressões à gramática, o presidente da Câmara Municipal de Montes Claros (MG), Benedito Said, decidiu criar um curso de Português para os vereadores locais.
A reação, é óbvio, não foi boa. Os colegas de Said argumentaram que o curso desmoralizaria a Câmara e que a cidade ficaria exposta ao noticiário. Said ficou quieto.
Numa das primeiras sessões após o início da polêmica sobre as aulas, o presidente ganhou alguns pontos. Segundo seu relato, o vereador Vilasbar Caldeira pediu a palavra para justificar o pedido de auxílio financeiro para associações comunitárias da cidade:
- Eu coloquei minhas emendas na faixa etária dos dois mil reais...
Mas o trunfo definitivo a favor das aulas de português veio com uma intervenção do vereador Ildeu Maia, querendo endossar proposta de um colega:
- Eu adoço vossas palavras...
Perpetrado o atentado à língua, Said foi rápido. Pegou o microfone e emendou:
- Não adoça não que ele é diabético.

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