São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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Pílula anticoncepcional aumenta o risco de coágulo, sugere estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

Pílulas anticoncepcionais podem aumentar o risco de coágulos sanguíneos, mas reduzem o risco de ataque cardíaco em mulheres, segundo estudo publicado amanhã na revista da Associação Médica Britânica ("BMJ").
Segundo Walter Spitzer, do Instituto de Farmacoepidemiologia de Potsdam (Alemanha), pílulas conhecidas como de terceira geração aumentam 1,5 vezes o risco de tromboembolismo, formação de coágulos dentro das veias das pernas, que pode ser fatal se eles se soltarem e chegarem aos pulmões.
As pílulas de terceira geração, também vendidas no Brasil, eram consideradas mais seguras por conter os hormônios sintéticos gestodene e desogestrel, mais semelhantes aos produzidos pelo organismo feminino.
Os pesquisadores calcularam que o risco de mulheres britânicas morrerem por tromboembolismo ao usar pílulas com esses dois hormônios é de 20 a cada um 1 milhão de usuárias por ano.
O risco apresentado por mulheres que fazem uso das pílulas de segunda geração (mais antigas) é de 14 a cada 1 milhão por ano. Para não-usuárias de pílulas, o risco é de 5 a cada 1 milhão por ano.
O segundo estudo analisou riscos de infarto. Os resultados mostraram que as pílulas de terceira geração reduzem os riscos, se comparadas com as de segunda.
Mas os cientistas afirmam que o número de casos desse estudo ainda é pequeno para afirmar que essas pílulas podem prevenir um ataque cardíaco.
Em editorial na mesma revista, Klim McPherson, da Universidade de Londres (Reino Unido), afirma: "O estudo sobre riscos de infarto sugere que as pílulas de terceira geração podem ser benéficas a longo prazo".
Entretanto também diz que "os dados ainda são preliminares e não servem como base para mulheres decidirem tomá-las ou não".
Em outubro passado, o Comitê Britânico de Medicina da Saúde divulgou os resultados de Spitzer, embora até aquela data ainda não houvessem sido publicados em revista científica. O Comitê havia recomendado a mulheres que trocassem de contraceptivo.
Em dezembro, em quatro artigos independentes publicados na revista "The Lancet", pesquisadores disseram que os riscos poderiam ter sido exagerados. Eles afirmaram não haver motivo para pânico, pois os riscos de morte por tromboembolismo são mínimos.

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