São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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Lobista diz que tentou comprar direitos autorais para a Universal

MARCELO RUBENS PAIVA
Especial para Folha
XICO SÁ

MARCELO RUBENS PAIVA; XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O lobista Gláucio Schmiegelow, 31, confirmou à Folha ter sido o intermediário na tentativa da Igreja Universal do Reino de Deus de comprar os direitos autorais do livro "Nos bastidores do Reino", do ex-pastor Mário Justino.
O livro acusa a igreja de ter montado uma estrutura para tirar dinheiro dos seus seguidores. "Procurei a editora para fazer o negócio e engavetar o livro", disse ontem o lobista.
O editor Luiz Fernando Emediato, dono da editora "Geração", confirma ter sido procurado por Schmiegelow, que chegou a oferecer US$ 1,5 milhão.
O editor do livro presta depoimento hoje às 14h na PF (Polícia Federal), em São Paulo. No dia 16 de novembro passado, assim que o livro foi publicado, ele recebeu a visita de Schmiegelow.
Segundo Emediato, o lobista disse que representava um empresário de Brasília que queria impedir que o livro circulasse. Seria uma forma de retribuir uma "graça" alcançada na Universal.
Como o negócio não teve êxito, a direção da igreja então recorreu à Justiça e conseguiu uma medida liminar que proibiu a venda do livro, conforme relata o lobista.
No dia em que recebeu a proposta, Emediato acabou seguindo no carro de Schmiegelow até o Conjunto Nacional, na avenida Paulista, onde foi apresentado ao empresário Luiz Federico Raijas.
A proposta foi feita mais uma vez a Emediato e Raijas se ofereceu para cuidar do autor no Brasil -Justino mora em Nova York e é portador do vírus da Aids. Emediato chegou a ligar para o autor, que rejeitou a proposta.
O lobista relata que entrou na operação em outubro, quando foi procurado por Maria de Almeida Gontijo, que dirige a LM, holding dos negócios da Universal.
Schmiegelow se sente enganado pela LM, de quem não recebeu "nenhum centavo". Além da tentativa de barrar o livro, ele disse que chegou a planejar operações financeiras para a holding.
Schmiegelow não apresentou documentos sobre estas operações, mas afirmou que estava disposto a ajudar a PF com depoimentos.
"Não conheço este senhor. Muita gente vai na LM, recebemos muitos telefonemas, e qualquer pessoa pode mentir, e dizer que trabalha para nós" disse Maria de Almeida. "Ele que apresente provas. A imprensa tem de ser mais prudente."

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