São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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Casa de Detenção transfere 12 presos após motim

Detentos fizeram 5 reféns, armados de facas e estiletes

BETINA BERNARDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Doze presos se rebelaram e fizeram cinco reféns ontem no pavilhão 5 da Casa de Detenção, no Carandiru (zona norte de SP).
Segundo o diretor do presídio, Luiz Philippe Borges, 64, os detentos aproveitaram o momento em que dois presos portadores do vírus HIV (que causa Aids) e outro com úlcera no estômago estavam sendo levados para o hospital do Mandaqui para começar a rebelião, às 8h.
Com estiletes e facas, eles fizeram três agentes penitenciários de reféns. Depois, dois agentes que teriam ido levar comida ao grupo também foram pegos.
Os cinco reféns e os 12 presidiários ficaram no andar térreo do pavilhão 5, que abriga 1.600 dos 6.400 presos da Detenção. É nesse pavilhão que ficam as celas isoladas, que os detentos chamam de castigo, e os jurados de morte. Os presos exigiam a transferência para a prisão de Bauru (345 km a noroeste de SP) e a presença da imprensa.
"Aqui não há condições de cumprir a pena, os presos doentes morrem sem assistência", disse Flávio Pereira da Silva, 28, detento encarregado das negociações. Silva está preso há nove anos e diz que assinou "vários boletins de ocorrência".
Nas negociações, Silva disse ter visto "preso morrendo com ferro nessa cadeia" e acusou o diretor do presídio de forjar uma equipe de reportagem, dizendo que eram da imprensa. "Trouxe a imprensa e garanto que vocês não serão molestados", respondeu o diretor a Silva.
Os rebelados fecharam com representantes da Secretaria da Administração Penitenciária um acordo segundo o qual eles seriam levados ontem para Guarulhos (a 20 km de SP) e hoje haveria transferência para o presídio de Bauru (a 345 km de SP).
Na hora de libertar os reféns, houve tumulto. Aos gritos, os detentos soltaram os agentes, mas ficaram com duas facas dentro do veículo da PM em que foram transferidos.
Nervosos, os agentes de segurança da Detenção empurravam fotógrafos para afastá-los dos presos. Às 14h45, os presos deixaram o Carandiru, após entregarem as facas.

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