São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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Governo nega surpresa com números da Fipe

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Francisco Lopes, disse à Folha que os últimos números referentes à inflação de janeiro não surpreendem.
Primeiro, porque eram previsíveis, explicou Lopes, mostrando o boletim de uma consultoria cravando inflação de 2% para a Fipe.
Segundo, acrescentou, porque as variações mês a mês não constituem mais um indicador relevante.
E explicou: "A coisa que menos faço hoje é olhar inflação mensal; quando olho, procuro a variação nos últimos 12 meses, como se faz em toda parte".
Lopes mandou alterar o sistema do Banco Central, que focalizava as variações mês a mês. "O pessoal resistiu um pouco, mas agora está tudo em bases anuais", conta.
Lopes disse que as vendas de fim de ano e de janeiro estão de acordo com as perspectivas do BC. "Elas apenas mostram que a economia vai crescer 4% neste ano", disse o diretor do BC.
Assim como está certo de que não há no momento um surto inflacionário, Lopes entende que não há um aquecimento inesperado da atividade econômica.
Portanto, segundo Lopes, estão mantidas a política e as estimativas do governo para 1996. A política é a de redução gradual dos juros e devolução, também gradual, do dinheiro que os bancos são obrigados a deixar parado no BC.
As estimativas são de inflação na faixa dos 15% (preços ao consumidor), crescimento econômico de 4%, com taxa de juros sendo a metade da praticada em 1995.
Quanto aos últimos números sobre a inflação de janeiro, Lopes disse que a alta no preço de alimentos era previsível. No segundo semestre de 94, mostrou, os preços agrícolas no atacado, medidos pela FGV, subiram 78%, contra 21% de alta dos preços industrias.
Em 1995, essa relação se inverteu. Os preços agrícolas mostraram deflação (redução). Deve haver uma acomodação neste ano, com alta maior que no ano passado e tendendo para o equilíbrio com os preços industriais.
Chuvas
O secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, disse que o IPC da Fipe subiu devido às chuvas, mas a alta não vai se manter. "Projeta-se inflação de 1% para fevereiro."
Segundo ele, as chuvas prejudicaram a produção de hortifrutigranjeiros e a colheita de feijão.
O secretário disse que hoje será feito um leilão da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), com 45 mil toneladas, que normalizará o abastecimento de feijão.
Para março, Mendonça de Barros espera ligeiro aumento no índice da Fipe, devido às roupas de inverno e o aumento das mensalidades escolares.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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