São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Engenheiro critica projeto para baía de Guanabara

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A construção ou ampliação de grandes estações da tratamento de esgoto -dentro do Programa de Despoluição da baía de Guanabara- não vai resolver o problema de poluição das praias e só atende a interesses de empreiteiras, segundo avaliação do engenheiro Amarilio Pereira de Souza, 71.
Souza, que foi um dos principais técnicos do programa, até se aposentar, em 1992, disse que venceu no caso "uma equivocada concepção" de saneamento estatal de fazer grandes obras.
O programa prevê a ampliação ou construção de oito estações de tratamento, ao custo de US$ 401,4 milhões, que tratariam o esgoto de uma população estimada em 5 milhões de pessoas, que vivem no entorno da baía de Guanabara.
Como revelou a Folha ontem, moradores reclamam da lentidão de obras do programa. Pelo atraso, o governo pagou multa de US$ 2,8 milhões ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), maior financiador do projeto.
Para Souza, algumas das obras não deveriam ter sido programadas. Sua maior crítica é em relação à construção da Estação de Tratamento de Esgoto da Alegria, no bairro do Caju (área portuária).
Segundo o programa de despoluição, a estação, em sua primeira etapa de construção, ao custo de US$ 145 milhões, trataria adequadamente o esgoto de 1,5 milhão de pessoas da chamada "bacia da Alegria". Souza afirma que esta estação será "uma tolice".
Segundo ele, os níveis de poluição ainda seriam altos e, com a grande concentração de esgoto, haveria mortandade de peixes. Além disso, Souza diz que boa parte do esgoto da bacia -não contemplado pelo programa- continuaria sendo jogada no mar in natura, por falta de rede coletora em favelas e outras áreas.
Para Souza, o ideal para a baía seria a construção de um emissário submarino -que jogaria o esgoto das bacias, mesmo tratado, em alto mar- e de estações menores, com manutenção mais barata.

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