São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Preços entram no ano em queda

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Os preços começaram o ano em queda, ao contrário das primeiras taxas de inflação que indicam acentuada aceleração neste início de 96.
Na primeira semana do ano, os supermercados de São Paulo reduziram seus preços em 0,2%, enquanto nos hipermercados a queda foi de 0,37%.
Os dados são do Datafolha, que pesquisa preços de cem itens em 18 supermercados e 18 hipermercados de São Paulo.
O desempenho dos preços neste início de ano pode alterar as previsões de inflação para janeiro divulgadas nesta semana.
"A queda de preços de alguns desses itens, o que a gente não contava com isso, pode amenizar as previsões para o mês, diz Juarez Rizzieri, presidente da Fipe.
Ele havia previsto, na quinta-feira, inflação superior a 2% para janeiro, contra taxa de 1,21% em dezembro.
A queda de preços atinge também os alimentos, itens que mais estão pesando atualmente nos índices de inflação. Pesquisa do Datafolha que inclui apenas alimentos básicos mostra que na primeira semana do mês os paulistanos pagaram 2,24% menos do que no final de dezembro por esses produtos.
A tendência de queda dos preços é confirmada também pelo Procon/Dieese. O custo da cesta básica, que começou o ano a R$ 110,52, refletindo os aumentos do final de dezembro, estava ontem em R$ 108,76 (queda de 1,59%).
Wilson Tanaka, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios, atribui a queda de preços a vários fatores.
Entre eles, o retorno das promoções de produtos tradicionais como arroz, óleo etc. Em dezembro, as promoções eram praticamente de produtos consumidos nas festas de fim de ano.
Firmino Rodrigues Alves, presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados) diz que as promoções devem se intensificar porque os supermercados agora já estão com estoques maiores do que no final de ano e a competitividade se mantém aquecida.
O setor de hortifrútis, previsto como um dos vilões do mês na taxa de inflação, está com aumentos moderados no varejo, apesar das fortes chuvas.
Tanaka diz que este é um dos setores onde os supermercados têm feito promoções. "Não estamos repassando todo o aumento", diz.
O presidente do sindicato varejista afirma, ainda, que a demanda está muito fraca. As verbas dos dez primeiros dias de janeiro foram 8% menores que as registradas em novembro.
Neste ritmo, a queda de vendas no mês pode atingir 12% sobre novembro. Com isso, os repasses de preços devem ser contidos, afirmou.
As principais quedas na pesquisa do Datafolha foram de carnes (-1,8%), massas (-2,6%) e cereais (-1%). Produtos de higiene também caíram, mas em ritmo menor (-0,13%), enquanto a alta de "in natura" foi de 7%.

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