São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Craques podem salvar times do interior

GUILHERME BUSCH
EDITOR DA FOLHA SUDESTE

Giovanni, Edmundo, Marcelinho, Valdir e Djalminha, estrelas dos grandes clubes que disputam o Campeonato Paulista, a partir de 27 de janeiro, aparecem como a "salvação da lavoura" para os dez times "caipiras" do interior do Estado que estão entre os 16 da Série A-1 em 96.
Com problemas financeiros, os clubes têm no poder de atração que os craques exercem sobre o público a maior esperança de boas rendas -para pagamento em dia de salários e bichos.
Com isso, começam mal. Perseguem uma trilogia aparentemente inatingível: terminar longe do rebaixamento, com boas rendas em seus estádios e com uma grande revelação, tipo Souza ou Amoroso, para ser negociada posteriormente.
É difícil acreditar em sucesso, pelo seguinte:
1) As três últimas equipes serão rebaixadas e ficarão longe dos grandes em 97;
2) As rendas, em geral, são condicionadas a boas campanhas, que parecem distantes, sem investimentos e trabalhos de pré-temporada e contratações;
3) As atrações especiais, que levam o povo aos estádios, vão visitar cada cidade do interior apenas uma vez. Jogos sem grandes craques e com o time em baixa não atraem público.
Sobra, da trilogia, a esperança de haver em cada clube uma grande promessa, um novo Giovanni. E isso, só o tempo e a tabela do Paulista vão poder dizer.
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Com essa dependência dos pequenos em relação aos grandes clubes, surge um questionamento sobre idéias como a do jornalista Juca Kfouri, que propõe o campeonato regional em segundo plano para, em benefício dos grandes clubes, um campeonato nacional mais longo.
Seria o fim das possibilidades de voltarmos a lapidar um Souza, um Rivaldo ou um Raí, por exemplo.
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Guarani de Campinas e Rio Branco de Americana são os times do interior com melhores perspectivas no Paulista.
O Guarani, quietinho, montou um belo time. Se desfez de dois craques -Luizão e Djalminha-, mas terá o maestro Amoroso de volta. A seu lado, o vigor de Fábio Augusto e a experiência de Alberto e Adil compõem o cérebro da equipe.
Atrás, o goleiro Léo e o zagueiro Carlinhos, da seleção olímpica, prometem segurar as pontas. Na frente, o oportunismo do jovem Adalberto, um dos artilheiros do Bragantino no último Brasileiro.
No Rio Branco, vice-campeão paulista de juniores, foram contratados 11 jogadores, que se somam à base de jovens como Sinha, Marcos Assunção e Marcelinho.
O Mogi Mirim, com a boa base de 95, pode surpreender. Os demais, me parece, serão coadjuvantes.
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Fica a impressão de que o Botafogo de Ribeirão Preto será um time marcado devido ao caso da "fita do suborno". É preciso um certo cuidado e uma boa dose de imparcialidade da imprensa, de torcedores e dos árbitros ao tratar do clube.

Hoje excepcionalmente deixamos de publicar a coluna de Matinas Suzuki Jr.

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