São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Reforma serena

VALDO CRUZ

BRASÍLIA - Apesar das pressões dos partidos aliados, o presidente Fernando Henrique Cardoso já avisou aos líderes no Congresso que mudanças no ministério só devem ser feitas no segundo semestre.
E, quando isso ocorrer, não se tratará de nenhuma reforma ministerial. A intenção é substituir um ou outro nome que possa não estar funcionando bem ou que esteja desejando sair do governo.
No primeiro semestre, se depender apenas do presidente, não será feito nenhum troca-troca ministerial. O motivo é simples: o governo teme perder mais votos do que ganhar num período em que estarão em votação reformas como a previdenciária e a administrativa.
Já na segunda metade do ano, quando o Congresso estará voltado para as eleições municipais, o Palácio do Planalto acredita que poderá ser o momento adequado para se promover uma mudança de ministros.
FHC sabe que terá de encontrar um lugar em seu ministério para o PPB, que se tornou um grande partido depois da fusão do PPR com o PP. O governo já até fez a promessa, mas pediu para aguardar esse primeiro semestre de votações polêmicas.
Apesar de reconhecer que existem problemas em sua administração, o presidente diz que não pretende fazer reformas bruscas. A sua intenção é mostrar à população que o país tem um "governo sereno", que ninguém vai acordar um dia com um novo time no ministério.
FHC tem dito a amigos que, em matéria de reforma ministerial, não pretende seguir o "padrão de demissão" ditado pela imprensa -primeiro vêm as críticas de parlamentares, depois a fritura e, por fim, a demissão.
Mais ou menos o que está acontecendo agora com o ministro da Saúde, Adib Jatene, o alvo predileto do momento. Só que o próprio ministro pode acabar não suportando o jogo das críticas e entregar o jaleco. Aí FHC seria obrigado a fazer o que não deseja: trocar ministros antes do segundo semestre.
Para manter a sua estratégia, correta do ponto de vista administrativo, o presidente terá de convencer os aliados. Eles continuam pressionando, cada um de olho num pedaço do ministério.

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