São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996 |
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Rombo no Econômico é de R$ 6,6 bilhões
LUIZ FRANCISCO
Uma das principais revelações do relatório é o rombo do banco, que atinge R$ 6,6 bilhões -só o Banco Central injetou R$ 3,6 bilhões na tentativa de salvar o Econômico. Há duas semanas, Sales Barbosa enviou uma carta ao presidente do BC, Gustavo Loyola, pedindo demissão do cargo de interventor. "Concluí meu trabalho e não tenho mais o que fazer no banco", disse. Na última sexta-feira, Francisco Sales Barbosa concedeu entrevista para a Agência Folha em uma das salas do 11º andar da sede do banco em Salvador -de onde comandou o Econômico durante cinco meses, após a intervenção federal realizada pelo BC em 11 de agosto do ano passado. Negou o vazamento da pasta cor-de-rosa, documento contendo informações sobre doações do banco a políticos durante a eleição de 1990, e confirmou a aplicação de dinheiro do banco em diversos pontos no exterior. A seguir, leia os principais trechos da entrevista. * Agência Folha - A venda do Econômico foi uma negociação técnica ou política? Barbosa - Técnica. Evidentemente que ninguém pode dissociar a variável política. Em qualquer situação que a gente se encontra existe política. Mas neste caso (venda do Econômico), a política ajudou. Agência Folha - Qual é o valor da dívida do Econômico? Barbosa - Seis bilhões e seiscentos milhões de reais. O banco tem um ativo de R$ 7,4 bilhões e um patrimônio de R$ 800 milhões. É bom salientar que, dos R$ 6,6 bilhões de dívidas, R$ 3,6 bilhões foram repassados pelo BC na tentativa de salvar o Econômico. Agência Folha - Como o banco vai zerar esta dívida? Barbosa - Tem que fazer acordos, mas acho que muitos ativos são de difícil recebimento. Agência Folha - A que o senhor atribui as suspeitas de vazamento da pasta rosa? Chegou a ser comentado no mercado financeiro que a pasta rosa teria sido oferecida ao Excel. Afinal, o senhor vazou a pasta rosa? Barbosa - Não, o que tentam me imputar é o vazamento para as revistas e jornais. Jamais vazei alguma notícia. Atribuo as suspeitas porque talvez conheça as pessoas (jornalistas) que publicaram a notícia. Mas é bom lembrar que estes jornalistas cobrem diariamente o Banco Central e não aqui (a sede do Econômico, em Salvador). Agência Folha - Então o senhor acha precipitada a afirmação do presidente Fernando Henrique Cardoso, que o considerou como suspeito pelo vazamento das informações? Barbosa - Julgo totalmente precipitada. O Banco Central fez uma sindicância e apurei que dentro do Econômico nenhuma pessoa vazou as informações da pasta rosa. Texto Anterior: Fundador da rede Sé morre aos 80 anos Próximo Texto: Agi de forma independente, diz Barbosa Índice |
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