São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Pentecostais afirmam ter encontrado Deus

DA REDAÇÃO

Se na população em geral a imagem da Universal encontra-se bastante deteriorada, entre os evangélicos que participaram da manifestação de desagravo à igreja do bispo Edir Macedo no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, sua imagem é bastante valorizada.
Apenas 5% das pessoas presentes à manifestação expressaram reservas sobre a igreja (a exploração de dinheiro foi citada por 1%).
Dentre os presentes, a maioria absoluta (81%) era formada por pentecostais e 19% por evangélicos não-pentecostais. Mais da metade (56%) dos presentes pertencia à própria Igreja Universal.
Outros 10% eram da Assembléia de Deus, 2% do Evangelho Quadrangular e 2% da Deus é Amor. Os não-pentecostais estavam representados sobretudo pelos batistas (12%), presbiterianos (2%) e metodistas (2%).
A maioria dos manifestantes era da própria capital paulista (83%) e de municípios da região metropolitana (7%). Outros 9% vieram do interior do Estado, e apenas 1% dos manifestantes se deslocou de outros Estados.
Perfil e conhecimentos
O perfil social dos manifestantes do Vale do Anhangabaú revela uma diferença sensível em relação à média dos pentecostais. Entre os presentes, 69% eram do sexo masculino, 15% tinham nível superior e 21% recebiam mais de 20 salários mínimos por mês.
Aparentemente, a mobilização foi integrada pela elite dos evangélicos -os mais escolarizados e os que ganham mais.
Apesar disso, os manifestantes mostraram possuir conhecimentos algo precários sobre as religiões pentecostais. Apenas 24% dos manifestantes entrevistados responderam corretamente à questão "Quantos são os dons do Espírito Santo?"; 39% disseram que desconheciam a resposta e outros 37% deram respostas erradas.
Não deixa de ser interessante observar que uma das principais críticas dos evangélicos à Igreja Católica é justamente a de que os padres não explicam a Bíblia à população (como sustentaram 41% dos manifestantes).
Apenas 5% dos presentes ao ato sabia a data da introdução do pentecostalismo no Brasil (1910).
Nada menos do que 81% disseram desconhecer o ano, enquanto outros 15% deram respostas incorretas. Perguntados ainda sobre o país em que se originou o pentecostalismo (Estados Unidos), 58% afirmaram que não sabiam a resposta, 26% deram respostas erradas e apenas 16% acertaram.
Tolerância
A principal crítica dos evangélicos ao catolicismo é a idolatria aos santos, como afirmaram 60% dos presentes ao ato no Anhangabaú, seguida da não-explicação da Bíblia à população (41%).
Eles também condenam o liberalismo da Igreja Católica (13%), o batismo das crianças (5%) e o celibato dos padres (3%).
A tolerância dos evangélicos à umbanda e ao candomblé é consideravelmente menor. Mais da metade (54%) acha que os adeptos das religiões afro-brasileiras deveriam deixar suas crenças, enquanto apenas 27% defendem a liberdade de expressão desses cultos.

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