São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para 79%, bandidos não temem policiais

DA REPORTAGEM LOCAL

Bandido não tem medo da polícia. Pensam dessa forma 79% dos paulistanos e cariocas -o índice é exatamente igual nos dois Estados.
"Estranho que as polícias desses Estados tenham o mesmo índice de descrédito, pois a população do Rio confia em sua polícia menos que a de São Paulo", disse o sociólogo Guaracy Mingardi, 40, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
Os grupos que mais acreditam que a polícia não desperta temor nos bandidos são as mulheres (84%), as pessoas com mais de 41 anos (81%), os brancos (81%), os que têm renda superior a 20 salários mínimos (85%) e quem tem curso superior (86%).
"A população não tem razão. Basta ver que, durante um sequestro, a primeira coisa que o criminoso pede para a família da vítima é o afastamento da polícia e da imprensa do caso", disse o delegado Expedito Marques Pereira, 64.
Para o delegado, os sequestradores agem dessa forma porque acreditam que a polícia pode frustrar seus planos. Pereira é o diretor do Depatri (Departamento de Prevenção a Crimes Contra o Patrimônio de São Paulo) e está na polícia há 40 anos.
"Quando me tornei policial, era raro um criminoso atirar na gente. Não é a polícia que deixou de ser temida, mas os bandidos que se tornaram mais violentos. Assaltos eram raros na década de 50."
A pesquisa do Datafolha aponta que quem mais acredita que os bandidos têm medo da polícia são os negros (20%), os que possuem de 16 a 25 anos (22%), as pessoas que recebem até 10 salários mínimos (20%) e quem estudou até o primeiro grau (21%).

Texto Anterior: 'Mãe de Acari' quer apuração
Próximo Texto: Maus policiais são minoria, diz secretário
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.