São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Imagem é pior do que em São Paulo

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A imagem que os cariocas têm de sua polícia é pior do que a dos paulistanos.
Na comparação do Datafolha, 67% dos entrevistados no Rio dizem ter mais medo do que confiança na Polícia Militar. Em São Paulo, esse índice é de 51%.
Também a Polícia Civil do Rio inspira mais medo do que confiança para 57% dos cariocas.
Em São Paulo, 49% dos entrevistados disseram ter mais confiança do que medo em sua polícia e apenas 44% dizem o contrário.
Para 20% dos cariocas, há policiais envolvidos em sequestros. Quanto ao tráfico de drogas, 28% dizem que este é o crime mais praticado por policiais.
O secretário estadual da Segurança Pública do Rio, Nilton Cerqueira, 65, diz apenas que "esta é a polícia que encontramos. E já melhorou bastante".
Cerqueira decidiu esta semana realizar exames antidoping em policiais civis e militares suspeitos de usar drogas.
Os policiais protestaram por meio de entidades como a Adepol (Associação dos Delegados de Polícia) e o Sinpol (Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil).
"Acredito que os resultados dessa pesquisa são uma resposta perfeita à polêmica do antidoping", disse o secretário.
Chefe de Polícia Civil, o delegado Hélio Luz diz que o modelo de polícia vigente no Rio foi estruturado há mais de 50 anos.
"A polícia nunca foi voltada para fazer a segurança da coletividade. E a sociedade gostou dessa polícia muito tempo. Essa polícia garantiu muito privilégio e muita fortuna desde o Estado Novo."
Hélio Luz discorda dos cariocas que consideraram sua polícia ineficiente - 34% acham a PM nada eficiente na prevenção de crimes e 32% no combate aos crimes.
Para ele, a polícia "sempre atendeu aos objetivos que motivaram a criação de seu modelo".
Luz diz que a Secretaria da Segurança tenta implantar "uma nova proposta de polícia", voltada para a coletividade, mas demonstra ceticismo. "Pode existir polícia que não seja violenta e corrupta. É fácil e simples. Resta saber: a sociedade vai tolerar esta polícia?"

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