São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Investimento da Honda no país deve chegar a US$ 400 milhões

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Honda deverá investir no Brasil cerca de US$ 400 milhões para atingir a meta de 100 mil carros fabricados por ano. O objetivo da montadora japonesa é instalar no país o centro de produção da marca para a América Latina.
"Seguramente vamos precisar entre US$ 200 milhões a US$ 300 milhões adicionais para atingir o objetivo", diz Kazuhiko Sakata, presidente da Honda Motor do Brasil. A data para chegar a esse volume de produção e investimento ainda não está definido.
Por enquanto, o que está acertado é que a Honda vai aplicar US$ 100 milhões para produzir 15 mil modelos Civic por ano a partir de agosto de 97. Em 99, a meta é estar fabricando 30 mil por ano.
A fábrica terá estrutura enxuta: apenas 500 funcionários. O índice de nacionalização (volume de componentes produzidos no Brasil usados na montagem dos carros) será inicialmente de 60%. Todo o investimento será feito pela Honda. A montadora, segundo Sakata, não procura sócios.
Sakata diz que mesmo na etapa inicial "a fábrica será rentável". Segundo ele, a Honda tem "know-how na fabricação de carros em pequenos volumes". E dá exemplos: as fábricas da Honda na Tailândia, México, Paquistão e África do Sul.
O presidente da Honda brasileira diz não acreditar em anúncios de investimentos de US$ 1 bilhão para fabricar carros no Brasil.
"Acho que não seria uma boa idéia investir US$ 1 bilhão desde o início", diz Sakata. Principalmente se o produto é um carro pequeno. "É preciso vender muito, ter volume, para amortizar o investimento. E é nessa faixa de mercado que a concorrência é maior", diz.
Quem anunciou investimento de US$ 1 bilhão foi a francesa Renault, que tem plano de produzir 100 mil carros Mégane a partir de 99 no Brasil.
A Honda estuda há três anos a possibilidade de produzir carros no Brasil, explica Sakata. O crescimento do mercado foi fundamental para a tomada de decisão.
"A Honda tem a política de fabricar carros onde existe potencial de mercado. Queremos ser líderes de mercado. E para isso é preciso estar industrialmente presente. Marca importada nunca vai liderar mercado", diz Sakata.
O objetivo da Honda para o Brasil é ambicioso. "Queremos ser a quinta montadora do país já em 98", afirma.
A decisão sobre o local da nova fábrica, que deve começar a ser construída em fevereiro, sai até o início de fevereiro.
O município paulista de Sumaré, onde a empresa tem uma área já preparada para instalar uma fábrica, é o mais forte candidato. Mas a empresa diz que municípios do Rio Grande do Sul e Minas Gerais ainda estão no páreo.
Sakata diz que o Estado de São Paulo tem alguns pontos fortes a seu favor. É onde está o maior mercado consumidor. Além disso, 80% dos atuais 200 fornecedores da fábrica de motos da Honda estão no Estado.
"Boa parte dessas empresas vai fornecer para a fábrica de automóveis", diz Sakata. A Honda produz motos desde 76 em Manaus e atualmente comercializa 170 mil unidades por ano no Brasil.
No item mão-de-obra, segundo Sakata, Minas leva vantagem. "Em São Paulo o relacionamento sindical é mais duro e os salários são mais elevados", diz.
"Não há lugar que satisfaça 100%. Quem atender 60% das nossas expectativas pode ser escolhido", afirma Sakata.
Um grupo de executivos japoneses e norte-americanos está desde o início de dezembro no país para implantar o projeto. São eles que fazem contatos com fornecedores e autoridades estaduais e municipais.
Sakata diz que os engenheiros da fábrica da Honda dos EUA, no Estado de Ohio, terão papel importante na implantação da fábrica. Muitos componentes utilizados no carro brasileiro virão dos EUA.
"A fábrica brasileira da Honda faz parte da estratégia global da montadora", diz.

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