São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Comece o ano planejando seu orçamento doméstico

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Fazer e conseguir cumprir um orçamento doméstico se tornou uma tarefa bem mais fácil para o consumidor na era do Real.
A relativa estabilidade dos preços e a inflação baixa facilitam, e muito, o planejamento de suas receitas e despesas.
"Este ano deve haver uma dispersão menor de preços, com redução do movimento especulativo", diz Juarez Rizzieri, presidente da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Como resultado, o consumidor poderá ficar mais seguro ao fazer seu orçamento, porque os valores previstos terão variação menor.
"Os brasileiros estão aprendendo, com a estabilidade, que o orçamento é um instrumento valioso de planejamento para o uso de seu dinheiro", diz Rizzieri.
Por isso, ele recomenda muito cuidado em sua elaboração. "O orçamento deve ser feito com ponderação, levando em conta sua capacidade de pagamento, já que ele tem grande chance de se realizar", afirma o presidente da Fipe.
Rizzieri acha ainda que o consumidor deve continuar evitando o endividamento. "Os juros estão caindo nos últimos meses, mas continuam muito altos", diz.
Ele aconselha que toda dívida seja cuidadosamente planejada, levando em conta, principalmente, a capacidade de pagamento no período do endividamento.
Além disso, Rizzieri lembra que, com a menor variação dos preços, não deve haver pressa em comprar. "Quem não tem dinheiro para pagar à vista e puder, deve adiar a compra, sem medo de uma disparada dos preços", diz.
Priorizar despesas é outra dica do presidente da Fipe. "Para algumas famílias, a educação dos filhos é mais importante do que trocar de carro, por exemplo."
Nesse caso, vale lembrar que as escolas subiram as mensalidades em 20%, em média, no início deste ano. "Como a inflação para 96 está estimada entre 15% e 17%, houve aumento real de preço nesse item", diz ele.
Despesas
Geralmente, mesmo para quem não tem apenas o rendimento do salário, é fácil preencher o item "receita" do orçamento.
O mesmo não se pode dizer das despesas. Existem as fixas, como contas de água, luz, gás e telefone, escola, planos de saúde etc.
Outras são variáveis e mesmo imprevistas, como médico, dentista, conserto de carro e eletrodomésticos.
"No orçamento, o consumidor deve se lembrar das despesas típicas de início de ano", diz Vera Marta Junqueira, diretora do Centro de Estudos e Pesquisas do Procon-SP (Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor).
Ela se refere ao pagamento de impostos (como IPVA e IPTU), matrícula em escola particular, compra de uniformes e material escolar etc., que ocorrem nos primeiros meses do ano.
É preciso não esquecer também dos eventuais parcelamentos de compras de Natal e final de ano.
"Embora o consumidor tenha se endividado menos no ano passado do que no final de 94, ainda assim provavelmente utilizou-se de cheques pré-datados, por exemplo", afirma Vera Marta.
Reservar dinheiro para os meses de reajuste dos contratos também é fundamental. "O consumidor precisa tomar cuidado para não assumir dívidas de médio e longo prazos e, depois, não conseguir arcar com os reajustes do aluguel e do plano de saúde", diz Vera Marta.
Não se pode esquecer também o aumento do salário do empregado doméstico, do condomínio, o licenciamento do carro e o reajuste da prestação da casa própria.
"É preciso guardar dinheiro para os reajustes previstos e para as despesas imprevisíveis", diz a diretora do Procon.
Vera Marta aconselha ainda que se evite o uso do saldo negativo do cheque especial, o financiamento de cartão de crédito ou empréstimos pessoais.
"É preferível retirar o dinheiro de uma aplicação financeira, como a poupança, mesmo que se perca o rendimento, porque os juros que o consumidor pagaria nos financiamentos seriam muito maiores do que os que receberia", diz ela.

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