São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996 |
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Férias coletivas crescem em São Paulo e no ABC CRISTIANE PERINI LUCCHESI CRISTIANE PERINI LUCCHESI; MARCELO MOREIRA
Mais indústrias de São Paulo e do ABCD concederam férias coletivas em 95 frente a 94. Os períodos das férias também foram mais longos no ano passado. Em São Paulo, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, 233 empresas deram férias coletivas a 15.685 trabalhadores em 94. No ano passado, chegou a 247 o total de indústrias que comunicaram ao sindicato que dariam férias coletivas. O total de empregados parados chegou a 22.088 em 95. "Nos setores de autopeças, parafusos, bicicletas e máquinas também houve uma ampliação dos períodos dessas férias", diz Eduardo Freitas de Almeida, secretário-geral do sindicato. O caso da Caloi é ilustrativo. Em 94, a empresa deu férias coletivas a seus funcionários em dois períodos -de 23 de maio a 8 de junho e de 26 de dezembro a 8 de janeiro de 95. No ano passado, a Caloi concedeu nada menos do que três vezes férias coletivas -de 17 de abril a 1 de maio, de 5 de junho a 3 de julho e de 18 de dezembro a 8 de janeiro. "As vendas em 95 caíram, principalmente no final do ano. O governo segurou o crediário e o pessoal comprou bem menos do que em 94. É natural que a produção seja menor", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (Força Sindical), Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. No ABCD, a Ford, a montadora mais afetada pela queda nas vendas, paralisou duas vezes a sua produção entre setembro e outubro. Foram dois períodos de férias coletivas de dez dias cada. Além disso, foi a primeira das indústrias de automóveis a acertar a redução da jornada de trabalho semanal de 44 horas para 42 horas, a partir deste mês. No final do ano passado, a Ford decidiu conceder férias coletivas normais de final de ano de 17 dias. Entre o final de 1994 e começo de 1995, o período foi de dez dias. Já a Mercedes-Benz adotou o maior período de férias coletivas dos últimos cinco anos. A empresa paralisou suas atividades por 33 dias, entre os dias 4 de dezembro de 1995 e 7 de janeiro deste ano. Em dezembro de 1994, a empresa parou por dez dias entre os dias 23 de dezembro e 3 de janeiro de 1995. No caso da Mercedes o motivo da paralisação maior foi o alto estoque de caminhões nos pátios, devido à queda nas vendas. Além de paralisar a produção para diminuir estoques, a Mercedes demitiu 1.700 funcionários em 1995 para reduzir custos e abriu neste mês um programa de demissões voluntárias para eliminar mais 850 postos de trabalho. A Black & Decker, de Santo André, foi outra empresa da região que sofreu com a queda nas vendas em 1995. A empresa não comunicou ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD no começo de dezembro o seu período de férias coletivas, como fazia todos os anos. Em 94, o período de férias foi de 20 dias, inicialmente marcado para dezembro e depois transferido para janeiro de 95. Na última semana do ano passado a empresa demitiu 654 dos 890 trabalhadores e fechou a unidade de Santo André, transferindo-a para Uberaba (MG). A Volkswagen concedeu no ano passado dez dias de férias coletivas, igual ao ano anterior, assim como a General Motors, de São Caetano. Já a Scania fez o inverso. Parou por dez dias em 1995, enquanto que em 1994 o período de férias coletivas foi de 17 dias. Segundo a empresa, em 94 o período foi maior devido à manutenção realizada na linha de produção. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD (CUT), Heiguiberto Guiba Navarro, disse que as importações de veículos e peças têm contribuído para puxar as vendas da indústria automobilística e de autopeças para baixo. Texto Anterior: Vítima é o mercado, diz entidade Índice |
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