São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Os segredos da Libertadores e do Projeto Tóquio

TELÊ SANTANA

Qualidade, quantidade e cabeça no lugar. Com a minha experiência recente na Libertadores, quando conquistei o bicampeonato pelo São Paulo, em 92 e 93, e um vice, em 94, posso dizer que aí estão três pontos importantes para um time que quiser chegar a Tóquio.
O Corinthians, representante paulista na competição em 96, está mostrando disposição para levar adiante o sonho de participar de uma final contra o campeão europeu.
Qualidade, o Corinthians tem. Os jogadores são bons, o empréstimo de Edmundo, um atleta talentoso, só fez melhorar a equipe dentro de campo... O primeiro passo foi dado.
O segundo? Quantidade. Pode parecer estranho, numa época em que todos falam de qualidade total, que eu venha a lembrar da importância da quantidade. A questão é que, no Brasil, não dá para esquecer que o Corinthians terá o Paulista, a Copa do Brasil e a Libertadores. Com poucos jogadores, as chances ficam menores.
O terceiro ponto, a cabeça no lugar, é essencial para um time que participa de competições contra sul-americanos.
O Corinthians, em 95, foi eliminado da Conmebol pelo América de Cáli. Como o futebol colombiano não tem tanta rivalidade com o brasileiro como o argentino e o uruguaio, as partidas contra o América não servem tanto como experiência.
Jogadores como o Edmundo, que em 95 teve um atrito com um argentino pela Supercopa, sabem do que estou falando.
Enfrentar a catimba dos sul-americanos não é fácil. Se o time perde a cabeça e entra no jogo deles, fica impossível.
Tem gente que sugere um psicólogo. Não concordo. Jogador não gosta de se abrir com desconhecidos. O psicólogo deve ser o técnico. No Corinthians, o Eduardo Amorim tem condições de desempenhar o papel.
Outro problema são as arbitragens.
Por falar em arbitragens, eu, que sempre combati a corrupção no futebol, não poderia deixar de comentar os últimos acontecimentos do "caso da fita".
É importante o trabalho investigativo como o que vem sendo realizado pela Folha.
Eu, que tanto tenho criticado o presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, sou obrigado a concordar com o que ele disse a respeito do suposto esquema de corrupção. Caso seja comprovado que o Botafogo subiu ao grupo de elite do Campeonato Paulista de maneira ilegal, o clube deve ser punido com o rebaixamento. Tendo havido o esquema, espero que, na prática, Farah cumpra o que prometeu.

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