São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Conclusão do inquérito de Senna pode sair neste mês
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
Já se sabe que uma falha mecânica fez o brasileiro perder o controle de seu Williams logo depois de entrar na curva Tamburello. A barra de direção se rompeu e, especula-se, em um ponto onde havia sofrido uma solda. A reforma teria sido realizada a pedido do próprio piloto, que não se sentia confortável em seu cockpit. Sem poder controlar o carro, Senna tentou frear e reduzir a marcha, como apontou a telemetria do motor. Ao se chocar com o muro, a barra de suspensão dianteira se partiu e foi lançada, com a roda, na direção da cabeça de Senna. A peça penetrou, como uma lança, no capacete, exatamente na borda do espaço que é protegido pela viseira, atingindo o cérebro. O inquérito apura não só a responsabilidade da Williams como, também, as condições de segurança da pista, como estado do asfalto, dimensões da área de escape e disposição do muro. Para alguns, o acidente não passou de uma fatalidade. Para outros, foi a prova de que os dispositivos de segurança nunca serão suficientes e que os dirigentes estão mais preocupados com o dinheiro dos patrocinadores. Polêmicas à parte, fato grave é a possibilidade de que Senna estivesse acima do limite para sobrepujar concorrentes que usavam recursos proibidos. Os componentes eletrônicos haviam sido abolidos da categoria naquele ano, mas a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) demonstrou despreparo na fiscalização em um campo que, até então, não merecia tanta atenção. Dispositivos como controle de tração e de largada são controlados por softwares. Um piloto poderia acioná-los na largada e desligá-los antes da inspeção. Os três primeiros do GP San Marino de 94 foram inspecionados. O resultado demorou meses. As equipes demoraram a ceder os disquetes, alegando propriedade intelectual sobre os softwares. Ficou constatado que os dois programas tinham condições de gerar recursos ilegais nos carros, mas que, "conclusivamente, não foram acionados". No ano passado, todos os examinados foram aprovados. Nos bastidores, porém, afirma-se que é possível elaborar programas de vida útil predeterminada. O software ficaria "limpo" alguns minutos depois da parada do motor. (JHM) LEIA quadro com a história das quebras nos GPs de Fórmula 1 na pág. 8 Texto Anterior: Os segredos da Libertadores e do Projeto Tóquio Próximo Texto: Renovação do contrato de Túlio reduz o patrocínio de Barrichello Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |