São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Paris conclui obras de Mitterrand

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

A Paris "nova" das grandes obras do presidente François Mitterrand começa a ficar pronta este ano, quando será concluído o prédio da "maior biblioteca do mundo", sem que ele próprio possa vê-la concluída -Mitterrand morreu na segunda-feira.
A Biblioteca da França, quatro torres de vidro de 80 metros de altura, é também o único dos monumentos da era Mitterrand (presidente entre 1981 e 1995) a fazer parte de um projeto que realmente muda o aspecto da capital.
As outras grandes obras de fato, os grandes projetos de reurbanização, ficam nas periferias e em bairros distantes da cidade.
O presidente francês colocou uma pirâmide de vidro e aço num pátio barroco do Museu do Louvre (1988), inaugurou uma ópera nacional moderna na praça da Bastilha (1989) e um mais um arco, "La Défense" (1989).
Na sua última entrevista na TV, François Mitterand listou, entre os feitos de sua Presidência, as grandes obras que realizou em Paris, a abolição da pena de morte e a descentralização do governo. O franceses concordam. Pesquisa realizada na semana passada mostrou que os monumentos de Paris estão entre as três realizações mais marcantes do presidente.
Mas os cerca de US$ 6 bilhões que custaram as grandes obras não mudaram a cara da cidade: prédios e avenidas resultantes de uma reforma no século 19, com bairros do século 18 e 17, os que escaparam da reurbanização. A "TGB", abreviação de "enorme biblioteca" em francês, trocadilho com "TGV", o trem-bala francês, vai ficar numa região onde "Paris não parece Paris".
Além da biblioteca, lá serão construídos dois grandes jardins e mil apartamentos "sociais" (espécie de conjuntos habitacionais chiques) e escritórios. Vizinhos, mas na outra margem do rio Sena, ficam um projeto de Mitterrand -o moderno prédio do Ministério das Finanças- e o supermoderno ginásio poliesportivo.
Em outra área "sem cara de Paris", no oeste da cidade, surgiu o Arco de La Défense. La Défense se tornou uma espécie de "Paris futurista", onde foram construídos todos os arranha-céus que não puderam ser construídos na "velha" cidade -70% das 20 maiores companhias francesas têm sua sede lá. A urbanização da região, no entanto, não é obra de Mitterrand -começou em 1958.
Um projeto de US$ 500 milhões, que vai ficar pronto por volta de 1997, vai estender a zona de urbanização de Défense: um jardim japonês, escritórios, apartamentos e ruas de pedestres.

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