São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Biblioteca é obra mais criticada

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

As "grandes obras" da Paris de Mitterrand foram resultado da necessidade com o senso de oportunidade do presidente francês (ou oportunismo e desejo imperial de marcar sua administração com grandes monumentos).
Segundo o historiador Emmanuel Le Roy Ladurie, diretor da velha Biblioteca Nacional em 1987, o antigo prédio era "um caos. Era preciso mudar ou construir um anexo".
Mitterrand preferiu, nas suas próprias palavras, criar "a maior e a mais moderna biblioteca do mundo", o mais caro (US$ 1,6 bilhão) o mais polêmico projeto seu -intelectuais deploraram a mudança e até nomes como o do antropólogo Lévi-Strauss assinaram manifestos críticos.
O arquiteto foi escolhido pelo presidente, como nas outras grandes obras. Havia um concurso, que selecionava os "finalistas" apresentados ao presidente.
Um dos secretários das Grandes Obras, Émile Biasini, justificava o método: "Se a escolha for deixada ao grande público, o resultado vai ser algo parecido com o que se vê na TV: baixo nível".
Baixo nível ou não, nem mesmo o arquiteto do arco de La Défense concordou com a opção de Mitterrand. O dinamarquês Johan Otto von Spreckelsen abandonou a obra três anos antes do fim. "É um projeto sem alma." Morreu em 1987, sem ver a inauguração.
(VTF)

Texto Anterior: Paris conclui obras de Mitterrand
Próximo Texto: Presidente consolidou UE
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.