São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Ministério levou social-democrata a ser premiê

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

A vitória de Aníbal Antônio Cavaco Silva nas eleições depende de ele conseguir livrar-se da imagem de tecnocrata, capaz de passar por cima de qualquer obstáculo para fazer o que acha certo.
Os reduzidos poderes presidenciais e a herança de Mário Soares, que se comporta como um personagem suprapartidário, criaram a necessidade de o presidente português ser reconhecido pela capacidade de diálogo.
Enquanto foi premiê, Cavaco Silva cultivou uma postura contrária aos políticos, aliada à frieza e à distância em relação ao cidadão comum. No entanto, a frieza era só aparente: em outubro, na posse do governo do socialista Antônio Guterres, Cavaco desmaiou.
Nascido no Algarve, no sul do país, de uma família pobre, só conseguiu se formar pelo seu próprio esforço. Durante o curso universitário, praticou atletismo, especializando-se nos 400 metros com barreiras. Professor universitário de economia, especializado nos efeitos da dívida pública, sua carreira política começou como ministro das Finanças, em 1980.
Em maio de 1985 tornou-se uma surpresa política ao conquistar a direção do partido e, seis meses depois, conseguiu a maioria do Parlamento, iniciando um período de dez anos de governos do Partido Social-Democrata.
Uma moção de censura derrubou seu governo em 87, provocando as eleições em que obteve a primeira maioria absoluta da democracia portuguesa, repetida em 91.
No poder, cultivou uma postura agressiva em relação à imprensa. Ficaram famosas duas frases suas: afirmou que não lê jornais e que, de tudo o que era escrito sobre ele, apenas 5% é verdade.
A principal herança de seu governo foi a integração à Europa. Os investimentos em infra-estrutura modernizaram o país. Portugal deixou de ser o país mais pobre da União Européia, ultrapassando a Grécia na corrida para o desenvolvimento.
(JR)

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