São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Advogado cresceu com o fim do salazarismo

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

A imagem que Jorge Sampaio passa é a de um intelectual com pouco carisma. Comparado com Mário Soares, falta a Sampaio, um advogado de 56 anos, a facilidade de contato com grandes públicos, qualidade que caracteriza o atual presidente.
Sampaio se encaixa no estereótipo de outros candidatos presidenciais de esquerda na Europa: lutou contra o regime totalitário, defendeu presos políticos e participou na defesa dos direitos humanos no país.
Filho de uma família de classe média alta de Lisboa, ele começou sua atividade política em 1961, quando estava na universidade. Tornou-se dirigente do movimento estudantil contra a ditadura de Salazar durante o período de 1961/62.
Depois de formado, tornou-se conhecido pela defesa de presos políticos nos tribunais de exceção criados pelo regime autoritário. Esse período deu a Sampaio o treino para as discussões individuais -dificilmente ele perde um debate político.
Com a revolução de 25 de abril de 1974, que derrubou o regime autoritário criado por António Salazar, Jorge Sampaio fundou o Movimento de Esquerda Socialista -um partido que abandonou no primeiro congresso, quando o marxismo foi adotado como ideologia. Só entrou para o Partido Socialista em 1978, a convite de Mário Soares.
Depois de o PSD obter a maioria absoluta do Parlamento, o PS entrou em crise. Caiu o secretário-geral Vítor Constâncio e, em seu lugar, Sampaio foi eleito. Em 89, ganhou a Prefeitura de Lisboa, numa coligação com o PCP -vitória que repetiu em 1993.
Dirigiu o PS apenas durante dois anos. Depois de derrotado por Cavaco Silva nas eleições parlamentares de 91, perdeu o cargo para o atual primeiro-ministro, Antônio Guterres -na época, qualificado por Sampaio como um traidor.
(JR)

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