São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Direitos adquiridos; Deficientes; Punição dupla; Aumento; Ingenuidade; Boas festas

Direitos adquiridos
"Informações que nos chegam fazem-nos crer que nós militares teremos surrupiados nossos 'direitos adquiridos'. Chegam ao cúmulo de admitir como indefensáveis alguns dos nossos mais legítimos direitos, dentre esses as pensões das filhas e a vinculação da remuneração dos inativos e pensionistas à dos militares da ativa. Quem tem dúvidas de que Legislativo, Judiciário e determinados segmentos do Executivo encontrarão, sempre, forma de não permitir o aviltamento da própria remuneração e da dos seus inativos? Agora mesmo o Senado concedeu reajuste a seus servidores e os parlamentares já cuidam de garantir substancial aumento de seus subsídios, o que beneficiará automaticamente também o Judiciário e todos aqueles que têm seus salários reduzidos pelo teto constitucional. Enquanto isso, o ministro do Planejamento divulga que a lei em vigor não garante qualquer reajuste para os servidores públicos em sua data-base. No Brasil se desenvolve um abominável autoritarismo que se impõe não pelas armas, mas pelo engodo, pela manipulação, pela corrupção e pela mentira."
Fernando Antonio Cozzolino (Rio de Janeiro, RJ)

Deficientes
"Na condição de deficiente físico há 20 anos, falo 'de cadeira' sobre as mais diversas formas de discriminação, descaso e total desatenção aos deficientes por parte de nossas autoridades. Aproveitando o 'gancho' com o acidente do personagem Assunção, na novela 'História de Amor', vivido pelo ator Nuno Leal Maia, enviei à Rede Globo uma carta sugerindo que o personagem permanecesse deficiente físico até o final da novela, mostrando todas as dificuldades que os deficientes têm no Brasil. Li neste jornal em 27/12 as mesmas reivindicações ao autor, pleiteando publicidade para a Associação de Deficientes Físicos do Rio de Janeiro. Na minha opinião, houve um equívoco no enfoque. A publicidade deve ser dada aos problemas que os deficientes têm no seu dia-a-dia. Quanto à Associação dos Deficientes Físicos do Rio de Janeiro, só me resta enaltecer o seu trabalho. Porém, que não mostrem só o lado 'cor-de-rosa' de um jogador de basquete deficiente físico. Mostrem, por exemplo, as dificuldades que os deficientes enfrentam para chegar à Associação, ou a qualquer 'basquete'."
Adelino Ozores Neto Segundo (São Paulo, SP)

Punição dupla
"No editorial 'PC e a impunidade' (30/12) este jornal reiterou sua defesa da tese de que '...a prisão deveria ser pena reservada apenas aos que oferecem risco à segurança pública. PC oferece risco aos cofres públicos... A punição mais lógica seria sequestrar seus bens até cobrir os prejuízos causados ao erário'. A tese é boa. Mas só para quem recebe a punição. Em casos semelhantes, para que verdadeiramente se faça justiça, não deve ser aplicada apenas a pena pecuniária preconizada por esta Folha (insuficiente e burlável por artifícios conhecidos), mas ambas: prisão e tomadas de bens. Por quê? Em primeiro lugar porque quem furta os cofres públicos em um país como o Brasil não deve ser visto como cidadão socialmente menos perigoso que aquele que assalta nas ruas. A dimensão de quantias roubadas ao erário deveria ser traduzida, por exemplo, assim: com tal valor, quantas crianças poderiam ter sido poupadas da mortalidade infantil? Pelo relevante valor do objeto envolvido, deve ser crime merecedor de punições exemplares, porque praticado com um dolo repleto de escárnio, vergonhosamente premeditado sempre por pessoas instruídas, financeiramente sãs, totalmente cientes da ilicitude de seus atos e da miserabilidade da maioria da população para a qual seriam direcionados os recursos desviados. Para atestar periculosidade e necessidade de punição forte e merecida, a esse jornal parece ser necessária uma cena sangrenta, somada a um 'joãobosquiano' 'tá lá um corpo estendido no chão'. Para a maioria desassistida da sociedade, legítimo sujeito passivo nesse tipo de crime, a periculosidade mede-se 'lato sensu', e não da forma estrita defendida no editorial. Deve ser porque pobre sofre de forma ampla..."
Antonio Xisto Mello, procurador do INSS em Alagoas (Maceió, AL)

Nota da Redação - Além do ressarcimento aos cofres públicos, quando couber, a Folha tem defendido em editoriais que criminosos que não representam ameaça física à sociedade paguem por seus delitos com a prestação de serviços à sociedade.

Aumento
"Assim como o governo, que gasta mal, paga altíssimos salários para políticos incompetentes em sua maioria e joga a conta nas costas do contribuinte, a Folha vem nos brindar nesta virada de ano com um aumento de 34% em seu jornal de domingo (de R$ 1,50 para R$ 2,00), provavelmente devido à criação de seu moderno parque gráfico, já que a inflação está por volta de 17% a.a. e os custos, pelo menos teoricamente, seguiram a mesma linha. Que moral tem a Folha para criticar o governo, já que age do mesmo modo, jogando a conta para o leitor, sem melhorar em nada o jornal? Mais uma vez nós, contribuintes e (e)leitores, pagamos a conta, mas não participamos da festa."
Edson Márcio Fernandes (Mogi Guaçu, SP)

Nota da Redação - De janeiro a dezembro de 95, o aumento do preço do papel no mercado internacional e reajustes salariais de jornalistas e gráficos elevaram o custo de produção do jornal em mais de 45%.

Ingenuidade
"É ingenuidade e presunção do teólogo Donald E. Price ('Painel do Leitor', 5/1) acreditar que a bicentenária tradição constitucional norte-americana seja garantia de democracia para os países abaixo do Rio Grande. Existem fatos demais para provar o contrário. Cito apenas uma fonte que revela o interesse do governo dos EUA pela questão evangélica, o artigo de Gilberto Dimenstein intitulado 'Eleição de 89 fez CIA olhar para evangélicos' (Folha, 17/9/95). O tema central de minha dissertação trata do pentecostalismo como uma alternativa de cidadania para os despossuídos, e não de uma possível 'conspiração evangélica', o que seria uma tolice."
Gualberto Luiz Nunes Gouvêia (São Paulo, SP)

Boas festas
A Folha retribui as mensagens de boas festas que recebeu de: Hubert Alquéres, secretário-adjunto da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (São Paulo, SP); Marco Antonio Ramos de Almeida, presidente da diretoria executiva, e Jule Barreto, assessor de imprensa da Associação Viva o Centro (São Paulo, SP); Factor (São Paulo, SP); Editora Gráfica Livrarias Cejup (São Paulo, SP); Adriel Batista Correia de Melo (Maceió, AL); Clube de Campo Associação Atlética Guapira (São Paulo,SP)

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