São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Dados para sua reflexão

ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES

Com a entrada de 1996 podemos dizer que teve início a arrancada final em direção ao Terceiro Milênio. Já ficou claro que o grande desafio dos novos tempos é gerar empregos para uma população espantosamente grande e que precisa ser acomodada num mundo em que a tecnologia mais destrói do que cria postos de trabalho.
A tabela abaixo mostra a evolução e o tamanho da população mundial, subdividida em regiões.
Em 50 anos a população das regiões desenvolvidas crescerá uma vez e meia. A população das regiões em desenvolvimento crescerá quase três vezes. No ano 2000, 80% da população do mundo estará naquelas regiões, com forte tendência a números mais elevados.
O Brasil, que tinha uma população de 53 milhões em 1950, passará para 170 milhões no ano 2000 crescendo, assim, 227% em 50 anos, ou seja, 2,3% ao ano.
É verdade que tanto a taxa de crescimento demográfico como a de fecundidade abaixaram bastante no Brasil. A primeira, que era de 3% na década de 1950/60, está hoje em torno de 1,5%, e a fecundidade, que chegou a ser de mais de 6 filhos por mulher, está atualmente em 2,4 -com tendência cadente.
Mas essas taxas incidem sobre uma base populacional gigantesca. Nascem anualmente 3,6 milhões de crianças e morrem cerca de 1,2 milhão de brasileiros. O saldo é expressivo, o que vai formando um contingente considerável de pessoas.
Para atender a essa avalanche populacional o país tem de prover escola, nutrição, saúde e, sobretudo, empregos para os que entram anualmente no mercado de trabalho. Não há dúvida de que a solução é poupar, investir e crescer. Mas, do lado populacional, há que se fazer alguma coisa.
É verdade que qualquer ação de reduzir nosso crescimento atual só terá reflexos daqui 15 ou 20 anos. Da mesma forma, é verdade que toda inação atual ocasionará um desastre certo naquele mesmo período.
É animador saber que, no Brasil, cerca de 65% dos casais já usam algum método de planejamento familiar. Mas, no Canadá, são 73%; nos Estados Unidos, 74%; na Alemanha, 78%; na França, 80% e nos países da Escandinávia, 90%.
Nesse campo, são sempre os mais educados que mais usam esses métodos. A grande preocupação, no Brasil, é para com os demais que constituem a esmagadora maioria. É sobre os menos educados que o nosso país terá de concentrar seus esforços a fim de manter para eles um tamanho administrável de família.
Investir é preciso, pois, sem isso, não há emprego. Mas, do outro lado, temos de controlar de maneira responsável o agigantamento da nossa população. Só educando a grande massa! Espero que a próxima década em nosso país seja a da educação.

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