São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 1996
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Gil reúne 'parabolicamaradas' na 1ª vez em que Brasil fecha noite

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

É um feito inédito. Quando subirem ao palco do Hollywood Rock no dia 19, Gilberto Gil e convidados serão a primeira atração brasileira a encerrar uma noite na história do evento.
A batida do reggae vai dominar o repertório programado por Gil para seus convidados.
E que convidados!
Vão ter a honra de dividir o palco com o cantor e compositor baiano Lulu Santos, Djavan, Fernanda "da lata" Abreu, Carlinhos Brown e Liminha.
Vai ser um encontro de "parabolicamaradas". Subirão ao palco com a alma cheirando a talco, como bumbum de bebê.
Quanto à escolha do reggae para nortear o repertório, nada mais acertado. Esse ritmo elementar diminui consideravelmente os riscos de algo dar errado. Afinal, com dois acordes já dá para começar a compor um reggae.
Ideal para encontros de músicos que não tiveram tempo para ensaiar conjuntamente -reuniões conhecidas no meio artístico como "jam sessions"-, o reggae é o blues do Caribe.
Isso posto, dá para arriscar algumas músicas que serão executadas pelo sexteto de estrelas.
A versão que Gil fez em 1976 para o clássico "No Woman, No Cry", de Bob Marley -rebatizada de "Não Chore Mais"-, é presença certa.
Quem não estiver com o seu isqueirinho na hora em que essa música for tocada vai se sentir um peixe fora d'água, um foco de escuridão em meio aos fãs que transformarão o estádio em uma verdadeira ninhada de vaga-lumes.
Outra presença garantida é "Guerra Santa", delicioso reggae em que Gil pisa na bola do circunstancial na letra, mas rebate o chute que o pastor Von Helder, da Igreja Universal do Reino de Deus, deu na imagem de Nossa Senhora em outubro passado.
Passado esse momento de engajamento católico-afro-brasileiro, a platéia vai dançar ao som de outros petiscos com tempero jamaicano, como "A Novidade" e "Nos Barracos da Cidade".
E quando os convidados começarem a se revezar no palco?
Se depender dos antecedentes, o reggae e a harmonia vão continuar rolando soltos.
Exemplos: Djavan é recorrente ao repertório de Gil. O caso mais recente foi no ano passado, quando ele incluiu no repertório de seus shows a música "Drão".
Quanto a Lulu Santos, o reggae vem infiltrando seu repertório desde 1986, quando ele gravou "Demon", faixa que ocupava o lado B -lembra quando os discos tinham isso?- do álbum "Lulu".
Carlinhos Brown parece ser capaz de produzir qualquer coisa com um tambor na sua frente. Deve ficar na "cozinha" rítmica dourando o filé dos outros convidados.
Talvez a maior incógnita atenda pelo nome de Fernanda Abreu.
Irá ela explorar o aspecto mais dançante da música jamaicana, localizado em qualquer ponto da linha tênue que separa o reggae do ska? Ou irá apenas emprestar sua voz ao repertório de Gil?

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