São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Cure completa 20 anos de carreira'

KID VINIL
ESPECIAL PARA A FOLHA

Este é um ano importante na carreira de Robert Smith e do The Cure, pois eles completam seus 20 anos de carreira. Nada mal para uma banda que começou timidamente em plena era punk-new wave inglesa.
Uma característica interessante nas bandas que surgiram no final da década de 70 e marcaram os anos 80 é a força de seus líderes. Alguns exemplos práticos podem ser citados como os Smiths, de onde sobreviveu apenas Morrissey, pois John Marr se perdeu por aí. Do Echo and The Bunnymen ficou o vocalista Ian McCulloch, hoje tentando a sorte ao lado de seu ex-companheiro Will Sergeant no Electrafixion.
Os dois melhores exemplos de sobreviventes como banda da década de 80 são Siouxsie and The Banshees e o The Cure.
A vantagem que os dois tiveram sobre os outros é que suas figuras foram tão marcantes, que ninguém mais conseguia se destacar na banda além deles. Robert Smith e Siouxsie são pessoas muito especiais e fizeram a coisa certa: jamais resolveram acabar com a banda e partir para desastrosas carreiras solo.
Durante esses 20 anos de existência, o The Cure acumulou um total de 17 álbuns e prepara-se para lançar o 18º, com o título provisório de " Wild Moon Swings".
Na década de 80, o The Cure ditava toda a estética gótica e Robert Smith era um guru para toda uma geração de bandas que naufragaram com o tempo (Bauhaus, Sisters of Mercy e Alien Sex Fiend, por exemplo).
Foi a única banda dessa leva toda que manteve uma estabilidade em suas atividades, apesar de constantes mudanças em sua formação. Mas isso, como já foi dito, não importa. Pois Robert Smith ainda estava lá dando as cartas.
Uma boa prova da importância do The Cure são dois tributos lançados no ano de 95, por dois selos independentes.
O primeiro é um selo sueco chamado October, que resolveu fazer um tributo com bandas na linha tecnopop, e todas desconhecidas do público em geral. O nome do tributo é "Fictional - A Tribute to The Cure".
A segunda homenagem foi feita pelos americanos de Washington DC, por um selo chamado Radiopaque. São bandas principiantes tocando músicas do The Cure, no estilo "guitar band" ou até mesmo pós-grunge, muito divertido, por sinal.
Deve ser um motivo de orgulho para Robert Smith saber que as novas gerações o reconhecem como um ídolo e acima de tudo o homenageiam. Bem, mas para isso, não precisa ir tão fundo, é só pegar o nosso Peter Perfeito e verificar a última faixa de seu disco. É uma cover de "Killing an Arab".
Apesar de um hiato de quase quatro anos sem gravar, Robert Smith continuou ativo todo esse tempo. Em 93, participou do tributo a Jimmy Hendrix, com "Purple Haze". Em 94, uma faixa na trilha do filme "The Crow" e, em 95, uma outra música na trilha de "O Juiz". Como também uma divertidíssima regravação de "Young Americans", de David Bowie, na coletânea da rádio inglesa XFM, da qual Smith é um dos acionistas.
O ano de 95 ele passou trancado em um estúdio no sul da Inglaterra. Somente reapareceu em público para o festival de Glastonbury, no verão inglês.
Tudo indica que esse novo disco será mais um clássico na carreira do Cure.
Três das novas músicas poderão ser conferidas em sua apresentação por aqui, que, segundo ele, será um desfile de hits e pode durar até mais de duas horas.
Tudo depende da reação do público que, com certeza, será das melhores, se lembrarmos o furacão que foi o The Cure no Brasil, no ano de 1987, quando eles estavam para lançar o álbum "Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me".

Texto Anterior: 'Led Zeppelin foi meu grupo preferido'
Próximo Texto: 'Supergrass recicla psicodelia dos anos 60, sem ser engraçadinho'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.